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Enantiodromia. Porque é necessário entendê-la.

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Apenas algumas poucas  reflexões necessárias sobre esse tema, que é candente e necessita ser melhor observado nos dias atuais.

 Em geral, quando inicia-se um processo natural de individuação, tal qual estudado por Carl Gustav Jung, esse processo aparece primeiramente como uma enantiodromia, um movimento que busca a vivência dos opostos. A enantiodromia (vide abaixo seu significado em texto e vídeo) é o resultado da necessidade de regulação da psique,  e segue o movimento pendular, que busca resolver neuroses profundas, unilateralidades da consciência, ou  um sentido novo e espiritual do ser humano (em um amplo sentido) como a expansão da própria consciência. 

É importante a compreensão desse conceito porque a enantiodromia significa a oportunidade de ampliar a personalidade e até a consciência, curando a psique de suas neuroses profundas, fissuras e dando um novo sentido a vida, na vivência dos opostos e conhecimento de sua própria sombra. Ela evita que a pessoa viva o resto de sua vida em neuroses profundas ou até que gere psicopatias que trarão danos a si e ao entorno. Ao mesmo tempo tem a possibilidade de resgatar aquilo que é próprio, pessoal e único e na realização de seus talentos.

 Em geral, a enantiodromia é vivenciada no processo de individuação clássico, estudado e formulado por Jung. Mesmo que se dê em um processo que é único, há uma quantidade de pessoas vivenciando-o, pela necessidade mesma de integração, que são originadas, seja pela unilateralidade da própria cultura,  seja porque estamos vivenciando de forma coletiva o advento e emergência de uma nova consciência, mais diferenciada (singularizada) mas ao mesmo tempo mais coletiva.

 Isso, mais as questões próprias da insuficiência no próprio desenvolvimento da personalidade  ocasionam  o que se deflagra como uma crise existencial. Infelizmente os pressupostos de uma psicologia e até psiquiatria tradicionais, ou que não trabalhem com esses conceitos, podem confundir e transformar esse processo que é natural e necessário, em uma doença séria e de difícil resolução.

Por ser um processo natural, ele tem seu próprio desenvolvimento. Jung o vivenciou e o estudou nas últimas décadas de sua vida como um processo alquímico. E a compreensão, senão pelo terapeuta, mas pela própria pessoa que sofre a crise e seu desenvolvimento natural e seguido de forma natural e compreendido nas várias etapas, consegue levar a pessoa a um renascimento da psique e a um sentido novo na vida, que algumas vezes  já estava assinalado em sua própria semente de árvore. Sobre essa semente e a necessidade do processo discorre Marie Louise Von Franz no artigo sobre individuação, no livro o Homem e seus Símbolos, organizado por Jung.  

A compreensão desse processo é fundamental e pode fazer o diferencial nas terapias junguianas  e na vida das pessoas. É necessário acreditar que algo mais, além da psique individual, que podem ser entendidas como forças suprapessoais, estejam atuando diante das necessidades geradas pelas unilateralidades e dificuldades da vida moderna.   Abaixo um vídeo sobre a enantiodromia. Como disse no início são apenas alguns enunciados do tema que necessitam ser melhor desenvolvidos.  Grata a todos que contribuíram e contribuem com a compreensão desses processos.

Verônica Maria Mapurunga de Miranda

Obs: Na obra de Jung e Marie Louise Von Franz sobre individuação e psicologia do inconsciente, notadamente depois da década de 30 do século passado, esses processos são estudados. Os leigos no assunto  que quiserem começar a entendê-lo poderão ler "O Homem e seus Símbolos - Organizado por Carl G. Jung e Marie Louise Von Franz,  com uma linguagem acessível, feito com o objetivo de chegar ao público leigo e não especializado.

 Jung adotou o termo “enantiodromia” fazendo uma referencia ao Heráclito, que foi o primeiro a esboçar o conceito. Enantiodromia significa “correr para o outro oposto” ou “ir para o contrario”. Aplicando esse conceito à dinâmica energética, podemos compreender que quando há uma excessiva concentração energética em um dado ponto, isto é, a uma dada postura da consciência,  a energia tende a fluir ou buscar o ponto oposto como uma forma de manter o equilíbrio. Por exemplo, uma atitude excessivamente unilateral do Ego, pode ativar no inconsciente o princípio contrário.

A Enantiodromia é um processo inconsciente de mudança de perspectiva, onde o oposto negado, emerge se impondo à atitude da consciência. Isso significa somente o início de um processo, porque substituir uma unilateralidade por outra não é a solução, mas o início de um processo que pode trazer o equilíbrio.

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Vídeo de Jung na Prática sobre Enantiodromia. Grata Lino Bertrand!

https://www.youtube.com/watch?v=d_xJZ9Wwe5M

Verônica Maria Mapurunga de Miranda

  Dia  13.03.2019

 março /2019

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