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             A Ignorância e a Caça do Bode Expiatório

Jesus Cristo não se rendeu ao satanás que lhe anunciava muitos poderes (poderes egóicos), conta a Bíblia. Deu sua outra face e ainda acharam pouco. O que queriam mesmo era crucificá-lo. Ele disse: Perdoai pai, porque eles não sabem o que fazem. Com certeza havia muita ignorância em tudo isso que faziam com o mestre Jesus, alguém com uma grande sabedoria e espiritualidade capaz de “salvá-los”. Mesmo assim continuaram até o fim, crucificando-o quando ele não agüentou e disse: Pai por que me abandonastes? E soube que era humano nesta hora e que precisava morrer para voltar em espírito, segundo a mitologia cristã  e os evangelhos. Salvar a humanidade.  Ele morreu para salvar a humanidade e ainda hoje muitos continuam dizendo a mesma coisa: Pai, perdoai porque eles não sabem o que fazem. A ignorância continua.

 O que é absurdo no estágio atual da humanidade é aceitar que as pessoas queiram crucificar mais alguém, ou algures, à custa de suas ignorâncias, ainda que a cultura cristã viva atrás de sangue e de um crucificado, bode expiatório e outras mazelas para poder viver com suas sombras ou não conviver com elas. A volta da sombra, daquilo que foi recalcado, daquilo que tem que ser integrado se manifesta em muitos sintomas de violência. E é necessária a verdade ou compreensão última dessas manifestações violentas. Significa que temos que aprender muito, esclarecer muito e amar muito.

  Mas não se pode mais aceitar a crucificação ou caça do bode expiatório. A crucificação deveria ser vista de uma forma individual, onde cada um busca seu eixo, busca o sacrifício do próprio ego, enfrentando suas próprias sombras, tornando-se cada vez mais responsável por si mesmo e cada vez mais um com o todo. Ninguém, nem nenhum grupo social, raça, nação, povos, gênero, precisa aceitar ser saco de pancada de outrem. Ao amor que se dá corresponde a parcela de amor que se tem por si mesmo, por ser uma pessoa ou pessoas e criaturas de Deus ou Universo. “Ama ao próximo como a ti mesmo.

 Se alguém maltrata os outros por ignorância, quer tudo para si por ignorância, se acha merecedor de tudo enquanto os outros nada merecem, por ignorância, quer mandar nos outros e subjugá-los por ignorância, temos que colocá-lo no seu verdadeiro lugar, mostrar que o tempo da crucificação passou. Vivemos o tempo da interdependência e da aprendizagem. Quem não aprender vai dançar, porque não se integra.  Temos que aprender a aprender. Costumo dizer que em nossos caminhos necessitamos de flores e espadas porque as atitudes hoje são polarizadas e está difícil de ser Ghandi, Jesus Cristo, Francisco de Assis, ainda que tenhamos muito que aprender com eles. Não dá mais para ficar dando o outro lado da cara, porque o próximo passo sempre é a crucificação do bode expiatório. Infelizmente isso costuma ocorrer em épocas  extremamente convulsionadas e de crise.

 Pessoas prepotentes e rígidas não aprendem fácil. Vivemos tempos de aprendizagem e de integração e isso significa que queremos a paz, mas a “espada” (não no sentido estrito) será usada na necessidade, a lei deve ser usada na necessidade, a firmeza para denunciar erros e distorções também. A busca dessas distorções e erros deveria ser feita primeiramente em nós. Justiça para ser boa começa em casa, mas não esqueçamos: não somos obrigados a carregar erros e nem sombra de ninguém. As pessoas têm suas vulnerabilidades, não as usem para maltratá-las e não deixem que elas as usem como motivos para subjugar e maltratar outros.  O tempo da caça do bode expiatório já passou. Denuncie essa realidade violenta, que maltrata seres humanos, criaturas da terra e do universo em seus vários âmbitos.

- SOBRE A REFORMA DAS DUAS PRAÇAS EM VIÇOSA - 08.06.2014

       Verônica Maria Mapurunga de Miranda

  Dia 27

Setembro de 2014

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