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O Resgate. Quem você escolhe:

Beija-Flor ou Imperatriz Leopoldinense?

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  Por que não estou torcendo pela escola de samba Beija-Flor e sim pela Imperatriz Leopoldinense neste Carnaval de 2017? Abaixo no link um artigo que escrevi  em 2006 sobre Iracema a Virgem dos lábios de Mel, de José de Alencar (tema da Beija-Flor este ano), mas para colocá-lo em outra visão de mito, uma visão cosmogônica do "eterno retorno" e da possibilidade que esse retorno oferece para recontarmos esse mito. Mas não através de Iracema morta com um “tudo passa sobre a terra”, como inicia o carnaval da Beija-flor, que significa a supressão da cultura indígena no mestiço brasileiro (que é a grande maioria, os brasileiros que têm pelo menos 80% de sangue indígena) e que além do sangue tem a herança filogenética, como diria Jung.

 O resgate no artigo abaixo é realizado através de Moacir,  o filho de Iracema com o Guerreiro Branco, que quer dizer na língua tupi nascido da dor. Moacir volta de Portugal com seu pai,  e reencontra a cultura, a ancestralidade e a mística indígena que é o lado da sua mãe, o feminino que morreu. É um feminino coletivo de uma ancestralidade reprimida.

 Sabemos que em outra linguagem, mas moderna, Iracema está sendo resgatada, através de filmes, peças de teatro, mostrando a realidade dos povos indígenas que vivem hoje na cidade grande, despojados de sua cultura, de suas místicas em uma realidade cotidiana onde a sobrevivência é difícil. Assim como é difícil a vida dos povos do Xingu, sempre ameaçada e dos povos vizinhos que habitam a Amazônia e outros biomas, aonde resistem os povos originários.

 A Imperatriz Leopoldinense faz justiça a esses povos e à nossa ancestralidade, à nossa brasilidade, mostrando a riqueza, a mística, a natureza, as lutas dos povos pela sobrevivência e a sobrevivência da natureza e dos recursos do planeta pela manutenção da vida.

 No artigo abaixo sobre a ancestralidade e fazendo coro com a Imperatriz Leopoldinense busco resgatar essa ferida, essa dor, que é cultural e de nós todos mestiços (ainda que não se tenha consciência) trazendo a obra de José de Alencar não para a morte de Iracema, mas para a ressurreição e renascimento de um valor, de uma qualidade, do feminino ancestral necessário na cultura e também do resgate da natureza que habita em algum lugar de todos nós, no Moacir, que é a continuidade. Moacir deixa de ser "parido da dor" para ser "parido do amor". Nesse reconto ele volta também com sua parte feminina de Iracema. Essas partes que se aceitam e que se integram podem cantar e dançar um samba realmente brasileiro. Que viva Iracema rediviva e Moacir, agora filho do amor, em todos nós e na  Marquês de Sapucaí.

 Clique para ver: A AMÉRICA E SEU MITO OU HIEROFANIA PARA UM NOVO MUNDO - de 2006

http://www.veronicammiranda.com.br/fale25.HTM

Verônica Maria Mapurunga de Miranda

  Dia  28.02.2017

Fevereiro de 2017

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