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   Para a corrupção do Estado: Reforma Política Profunda

A corrupção é um tema mais amplo do que somente a apropriação indevida do dinheiro público. Há muitos corruptos na vida diária que se apropriam de trabalhos que não são seus, o que é uma forma de roubo, que usam pessoas incautas para aparecer como alguém que não é, e se aproveitar delas. Há pessoas que se apropriam de patrimônio público sem ser gestor ou gestora públicos, e por aí vai. Essas pessoas mesmo não sendo representantes políticos já mostram o que são e o tipo de gestores ou políticos que poderão vir a ser. Canastrões da política, sepulcros caiados, que têm aparência de bonzinhos e escondem suas garras afiadas. Essas pessoas que são corruptas, mesmo sem serem políticos não têm moral para falar da corrupção pública. É melhor se olharem no espelho e fazerem o seu mea culpa antes de lançar dardos revoltados.

O tema da corrupção é, portanto, algo mais amplo e não deveria ser tratado de forma afoita e despreparada. Muitas pessoas estão lutando contra a corrupção, com um corrupto do lado com cara de anjo e se fazendo de limpinho. É necessário que haja uma visão mais profunda e cuidadosa da cultura da corrupção, para que sejam criados mecanismos mais eficazes de combater e lidar com o assunto. Só revolta, e revoltas pessoais não resolvem e não dão conta da questão, pois leva a divisões e antagonismos das cidades, comunidades e nações.

Atire a primeira pedra o gestor ou gestora pública no Brasil que não se viu sob a mira da improbidade administrativa. Não conheço cidade interiorana que nas últimas décadas não tenha estado sob a mira do Tribunal de Contas e nem prefeitura que não tenha em uma ou outra ocasião desviado algum recurso ou tenha tido que devolver recursos ao Estado. A máquina do Estado brasileiro e de qualquer outro país capitalista carrega a corrupção como parte sua, inerente. E por isso os Estados devem ser questionados e transformados como um todo. A questão da corrupção levada como questão de brigas e birras pessoais ou político-partidária e locais perde as referências principais de mudança e transformação de que necessitamos.

As lutas contra a corrupção estão sempre presentes na história do Brasil quando algum candidato ou partido quer derrubar o outro para se instalar no poder e infelizmente continuar fazendo coisa igual ou parecida. E como vemos não resolve. A luta pela corrupção dessa forma não é verdadeiramente luta contra a corrupção, mas brigas partidárias e revoltas pessoais diante do não reconhecimento de um espaço público. Ou seja, o público é visto como algo pessoal: o cidadão ou cidadã reclama porque não é ele ou ela e os seus que estão se apropriando do que é público.

Dessa forma, é necessário pensar a corrupção dentro dos mecanismo gerais da política e do Estado, dos governos e prefeituras e representantes políticos em geral (já que há corrupção também em Assembleias Legislativas e Câmaras de vereadores e Congresso Nacional) verificando as necessidades que já se verificam há algum tempo: de fazer uma reforma política profunda do Estado. Os remendos não funcionam mais. E ao se insistir nessa solução iremos todos a um buraco político mais embaixo.

Vivemos um momento em que a ferida da corrupção está aberta no país e nunca se soube tanto sobre esses aspectos do país e do Estado. Mas é necessário se ter um olhar mais profundo na cultura e voar mais alto, para ver de cima, com uma visão mais ampla e menos afetada, para não se cometer muitos erros e trazer somente guerras no lugar de soluções.

Verônica Maria Mapurunga de Miranda. 27.02.2015
 

    Verônica Maria Mapurunga de Miranda

  Dia 27

Fevereiro de 2015

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