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União ou reavaliação de metas e objetivos?

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   Estou lembrando aqui que muita gente deu risada e até fizeram escárnio, quando um espiritualista bem respeitado por buscar a Paz no mundo, falou que a fusão de duas montadoras de automóveis riquíssimas e multinacionais era resultado do Amor. Muitos se perguntaram para que tipo de lixo mundial tinha ido um sentimento que todos consideravam supremo ao ser humano e à comunidade da vida- O Amor.

Pois é, nem toda fusão é em função do amor, infelizmente, e em alquimia se sabe que a união ou fusão de elementos só se pode fazer depois de purificar as substâncias e decantá-las. Estamos no ano do propósito e vale perguntar: Com que propósito essas empresas se juntaram? Será que foi para beneficiar os seres humanos e o mundo? Vamos ter muitas respostas, dentre elas, de pessoas que estudam e conhecem a racionalidade do sistema em que vivemos, que essa fusão foi realizada para somarem capitais e assim poderem dominar melhor o mercado, acumular mais lucros e riquezas e poder aproveitar melhor a mais-valia dos trabalhadores que as empresas sangram a troco de dizer que dão empregos. Resultado: dominariam mais e melhor o mundo capitalista onde o sujeito é o capital e não o ser humano.

Para todos os espiritualistas que tentam entender e se colocar dentro da política é bom observar que muitas vezes é melhor diferenciar primeiro os elementos, as funções, saber que há diferenças entre as proposições e entender a que elas levam. Algumas integrações significam a morte e o desaparecimento de elementos. Se nós observarmos, por exemplo, o que se faz e se diz sobre a integração dos povos originários, do ocidente com o oriente, do masculino com o feminino, vamos observar que em muitos processos históricos o que se chamou união, o que se chamou integração, o que se chamou miscigenação foi simplesmente supressão, onde houve em alguns casos genocídio, etnocídio, supressão de gênero, supressões culturais comandados por teocracias, por Estados  totalitários e em outros "colonialismos" dos quais somos endividados e devedores até hoje.

Entendemos, então, que estamos vivendo períodos que necessita  de integração rápida. Ou que os desmantelos das estruturas políticas e econômicas cause o desolamento da morte, confusão, caos, sofrimento e falta de direção. Há necessidade de eixo, sim. Talvez essa seja a constatação mais evidente. Mas sabemos também que não podemos passar para outro patamar sem o processo de crescimento. E nesse processo é necessário liberdade, igualdade e temos que descobrir ainda a fraternidade.

Pareceria que esses são apenas princípios da revolução francesa, mas não. Estiveram lá e estão ainda cá, lembrando que apesar de vivermos em um sistema saturado ele ainda é vigente. E que esses três valores importantes não foram conquistados ainda porque o ser humano nunca teve centralidade nesse sistema. Ele não é o sujeito ainda. E ainda tem que ser resgatado como sujeito da história, da cultura e parte importante na comunidade da vida, em todos seus matizes, em todas suas riquezas que é dado por todas as aparentes diferenças que convivem hoje.

Sinceramente acho que união e fusão não são possíveis agora. O que é importante buscar nesse momento são os denominadores comuns. É ter uma meta e objetivos humanos e da comunidade da vida  onde todos possam mirar, apesar das diferenças. Estamos em um planeta que é uma nave, um lugar escola que exige aprendizagens mais altas e mais rápidas. Estamos tendo consciência de que estamos aqui para uma finalidade que pode se extinguir se o planeta deixar de ser habitável. Deve ser pensado como um lugar de todos e uma casa comum. Essa visão todos precisamos ter. Sair da coisa pequena e mirar o objetivo maior, de vez em quando, pode estar em qualquer sistema político, em qualquer sistema religioso, em qualquer sistema econômico-social, em qualquer cultura e civilização, até eles não serem mais necessários.

Temos que sair das religiões e crenças que aprisionam o ser humano em uma visão maniqueísta da realidade, mas que sai também de uma passividade mórbida que aceita a dominação de uns pelos outros, que aceita sociedade de castas e classes sociais tão díspares quanto ocorre agora no planeta. Temos que sair de políticas que são também maniqueístas, só vêem o interesse próprio e de segmentos da sociedade e cultura e do sistema, mas não têm uma visão mais ampla.

A necessidade atual, portanto, não é se afundar em um mundo religioso ou urobórico, a realidade ainda exige diferenciação, que é em outras palavras retirar o que há de melhor em cada elemento e em cada função para ir a um outro patamar. A espiritualidade como capacidade humana pode ajudar nesse processo sem buscar a verticalidade das teocracias e/ou uniões impossíveis.

Egalité, fraternité et liberté... Quando conquistaremos de fato esses valores para a república planetária?

Verônica Maria Mapurunga de Miranda

  Dia  12.05.2017

Maio de 2017

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