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                         É PARA INTEGRAR? É. MAS COMO?

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Um comentário para incrementar o debate. Mesmo sabendo que ele é sempre mais profundo e que algumas pessoas sempre o iluminam mesmo com poucas palavras é necessário pontuar algumas questões, que parecem passar ao largo ou não ser dada a devida importância. Comentei há pouco no facebook e aqui o recoloco. O objetivo é somar.

 Acho que dizer que os masculinos e femininos são distorcidos e que necessitamos recolocá-los, repensá-los e refazê-los para a integração que espera a todos já se tornou lugar comum em alguns meios. Acho que isso é o be-a-bá . Mas da  premissa à realização da integração há um longo caminho. Na sociedade e cultura patriarcal, e por que não no planeta, em que vivemos as distorções são muito grandes. A questão do poder, querendo ou não, permeia tudo. O que diferencia é saber que tipo de poder estamos encarnando. De tal forma as coisas estão desconjuntadas e sem representação que não considero mais feminino e masculino como homens e mulheres. São bem mais qualidades ou se muito, distorcidos defeitos. Mas em qualquer nível e dentro de qualquer ética, que seja ética, existe a justiça.

Quem nasceu mulher, ainda que tenha se trabalhado e se encontrado e reencontrado com suas qualidades, poder feminino e dificuldades, sabe o que significa andar todo dia na rua como mulher. Mesmo que carregue as duas energias e isto de alguma forma tem influência no entorno e em sua forma de atuar, você sabe que o tanto de lugares que você tem de desviar é significativo, porque há sempre um violentador, ou mesmo alguém que rouba e acha que pode fazer qualquer coisa com uma mulher, porque é mulher. E isso significa que mesmo tendo um poder pessoal, há um poder da cultura e da sociedade patriarcal que lhe diz que sua liberdade real só existe em outro planeta. Na terra você tem que andar desviando. E quem não tem essa presença e essa integração, que é uma grande parte da população, será necessariamente vítima.

 Sinceramente, não me interessa saber o que mais de 60% da população feminina fez em outras encarnações. Sabe-se, mesmo sem olhar estatísticas e ainda vendo em perspectiva, como essa situação se agrava e que as distorções transformam as pessoas em vitimizadores e vítimas. Indo pelas correntes espirituais que reverberam essa questão como Karma , digo que há um poder muito distorcido e levará tempo terrestre para realizar essa integração. Faz parte disso considerar a justiça, que é reconhecer os erros de agora e num ato de compaixão tratá-los psicologicamente e espiritualmente e puni-los se necessário, para não gerar mais karmas, e cuidar das vítimas por compaixão aos seus sofrimentos e para que não se transformem em vitimizadores. Isso para colocar as questões espirituais que permeiam os debates e que assentados na compaixão pelos violentos dizem que as vítimas são as culpadas.

 Ao contrário do que dizem – que as pessoas e mulheres, principalmente, estão sendo atacadas porque merecem, ou porque em outras vidas ou nessas cometeram o "pecado" da submissão – o que há é muita falta de amor e compaixão em uma sociedade e cultura que as condicionaram por séculos nesse papel. Aliás, não é amor. Pode ser até um medo atávico do poder feminino que a mulher carrega e da vastidão de seus sentimentos e das possibilidades de ação da mulher no mundo hoje. Há uma resistência muito grande ao ciclo feminino e à emergência de uma nova forma de poder.

 Prezo meu masculino porque, assim como muitas mulheres, trabalhei durante muito tempo para transformá-lo e poder aceitar o feminino que desabrocha com força em nós mulheres. As mulheres foram e são educadas para ter um masculino horrível nelas que as impedem de não ser submissas dentre outras coisas, assim como os homens foram educados para achar que violência doméstica, feminicídio e estupro eram seus direitos e são coisas banais. Então dizer que há um masculino e um feminino necessitando sair das distorções é apenas o be-a-bá da integração. É muito genérico e não dá conta do despertar do feminino no mundo. Se é para integrar o verdadeiro feminino deixem que ele venha.

Perdão a todos que têm outra opinião e se minha expressão incomodar, mas isso é parte de não ser um feminino submisso. A compaixão passa pelo resgate, pelo acolhimento de vitimizadores e vítimas e também pela justiça, que é o reconhecimento do erro e reparação. Sem isso não vamos adiante.

Concluo perguntando se realmente os que consideram que a submissão feminina é uma distorção, assim como a sociedade e cultura vigente, estão realmente preparados para acolher a insubmissão feminina, que é ligada à natureza?  Assim como os terremotos ela chegará.

   Verônica Maria Mapurunga de Miranda

  Dia 13.02.2017

Fevereiro de 2017

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