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Virando Páginas. Construindo Perspectivas do Novo Feminino.
 

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Quando fiz o broche de parede, que está na capa de meu site Artesanias de Verônica Miranda- Mulher Emergente- em 2005, qualquer pessoa poderia dizer que se referia à minha arte ou a um processo individual. De fato, eu não entendia tudo o que estava plasmado na matéria e hoje o entendo como um processo coletivo das mulheres, do qual como mulher e artista eu estava nele inserida, com todas as particularidades e contribuição que cabe a cada uma de nós envolvidas nesse turbilhão de mudanças.

Já ouvi alguns mestres espirituais dizerem que somos felizes, os que estão podendo viver em um período de transição planetária e transformação do ser humano para outro patamar neste século. E eu diria que as mulheres que puderem perceber a importância de sua participação nessas transformações também serão felizes. É claro que a felicidade tem um preço: quebrar parâmetros e paradigmas. Trazer um feminino todo novo para refazer as relações que regem o planeta. É pois uma revolução planetária. Nada irá adiante se o feminino não avançar.

As resistências à essas mudanças estão cada vez mais patentes no recrudescimento da violência contra as mulheres. Não vou citar estatísticas porque elas estarão pululando nas redes sociais e mídia. Hoje no dia 8 de Março saímos ás ruas, fazemos correntes, arregaçamos as mangas, portamos megafones para falar alto e em bom som, escrevemos artigos, porque não aceitamos mais coletivamente a desigualdade, a violência em vários âmbitos, tentando esclarecer a necessidade do fim do sistema patriarcal. Muitos e até mulheres falam ainda de "homenagens" á mulher, quando o dia instituído como "dia internacional da mulher" tem hoje um significado mais nobre e mais amplo,  apesar de carregar um paradoxal desvio - o dia das mulheres são todos os dias. O mundo não existiria, nem funcionaria um dia sequer sem elas.

Mas, parece, que em nossa civilização tão barulhenta é necessário sair aos gritos, para dizer que nenhuma mulher suportará mais o peso de um sistema tão discriminatório, tão violento e eivado de misoginia. É necessário que aquelas que ainda não acordaram para a situação coletiva das mulheres no planeta, ainda que comportem diferenças culturais, econômicas, sociais, despertem para a compreensão do que seja o patriarcalismo e seus males. É necessário avançar nessa compreensão e partirmos para uma ação mais conjunta, com sororidade, mas carregada da pluralidade que compõe o feminino.

Ouvindo as primeiras frases de uma canção de Gavin James  entendi um pouco as ações desse momentum que faz as mulheres vibrarem em conjunto:

"Quando você deixou ir/ Tudo do amor que já se foi / Salve o mundo/ Ou escreva uma história que ninguém nunca ouviu". Estamos nesse momento, virando páginas para poder construir as novas perspectivas do feminino e das novas relações de poder entre feminino e masculino. Um novo amor, uma vontade de paz, valores melhores para o mundo e isso significa um duplo olhar e uma dupla ação: individual, onde é necessário se reconhecer e se buscar no autoconhecimento, crescimento e nesse novo feminino, com outros valores, intuição e instintos profundos soterrados, que emergem aos poucos, e em ações coletivas, conjuntas com os desmascaramentos da violência e da desigualdade.

Salvar o mundo trazendo as várias perspectivas do feminino, escrevendo as várias histórias, mostrando que as mulheres têm filtros diferentes para pensar a sociedade e cultura, têm seu próprio pensamento não alinhado ás velhas formas masculinas e patriarcais e necessidades espirituais próprias. Que nenhum "machista" tenha coragem de dizer quando uma mulher escreva, fale ou conte sua verdadeira história e exponha suas idéias, a tal frase: "Mas isso é uma visão pessoal sua" tentando desqualificar as perspectivas que não cabem em pensamentos e valores já obsoletos.  As visões pessoais as têm quem amadureceu e criou seu próprio eixo. As mulheres têm passado por esses processos e conquistado transformações importantes em vários níveis. E por isso suas visões pessoais serão importantes. A idéia é aproximar masculino e feminino em uma nova perspectiva, visão paradigmática e relação amorosa e pacífica. Mas, antes é necessário que a voz e perspectiva das mulheres sejam ouvidas. A cultura e sociedade precisam se "feminizar".

Muitas histórias serão escritas, resgatadas, muitas visões multifacetadas virão á tona para compor um novo conhecimento e pensamento, muitas vozes aparecerão ao sol do meio-dia, o novo sol feminino para todos nós.  Até o feminino sempre...

-----------------------------------------------------------------            Verônica Maria Mapurunga de Miranda

  Dia  08.03.2018

 Março /2018

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