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O ARQUÉTIPO DA JUSTIÇA. EXISTE?

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Um post de Psicologia Junguiana me chamou a atenção e me suscitou alguns comentários que acho válidos nos tumultuados dias em que vivemos. Eis: EM CADA HOMEM HABITA UM JUIZ IMPIEDOSO, QUE NOS FAZ SENTIR CULPADOS, MESMO QUE NÃO TENHAMOS CONSCIÊNCIA DE HAVER COMETIDO ALGUMA FALTA. MESMO QUE NÃO SAIBAMOS, É COMO SE EM ALGUMA PARTE TAL FALTA FOSSE CONHECIDA.(Carl G. JUNG -Estudos alquímicos, vol.13, p. 138).

 Sobre isso poderíamos acrescentar ainda um texto de Jung : “ALGUÉM PODE DE BOA-FÉ, CONVENCER-SE DE QUE NÃO TEM IDÉIAS RELIGIOSAS. MAS NINGUÉM PODE COLOCAR-SE À MARGEM DA HUMANIDADE, DE FORMA A NÃO TER NENHUMA REPRÉSENTATION COLLECTIVE DOMINANTE. O SEU MATERIALISMO, ATEÍSMO, COMUNISMO, SOCIALISMO, LIBERALISMO, INTELECTUALISMO, EXISTENCIALISMO, ETC., TESTEMUNHAM CONTRA SUA INOCÊNCIA. DE ALGUMA FORMA, EM ALGUMA PARTE, ABERTA OU DISSIMULADAMENTE, ELE É POSSUÍDO POR UMA IDÉIA SUPRAORDENADA”. (Carl G. JUNG - Os arquétipos e o inconsciente coletivo, parágrafo 125.)

 Essa questão do arquétipo da justiça pode ser vista de duas formas, pelo menos. Em uma há a questão profunda religiosa, que se poderia chamar de "realidade ou idéia supraordenada". Alguém, por exemplo, pode não ser cristão mas foi criado em cultura cristã onde "habitam" todos os arquétipos (no bom e mal sentidos) que levam à ideia do Deus punitivo, e de toda sorte de bons atos e recompensas destilados pelas religiões cristãs ao longo da História e de nossos espaço-tempo. Isso está nas cabeças.

 E no caso específico das mulheres o juiz pode tornar-se terrível, com um animus exaltado e não transformado. Deus nos livre desses animus em cargos políticos. ( Parece que ele não está nos livrando.) Mas há um arquétipo mais profundo e que se liga às nossas próprias raízes biológico-espirituais. E isso é possível observar a partir de consciências cósmicas como Francisco de Assis e outros. Enquanto o ser humano for luz e sombra temos que nos manter nesse jogo de equilíbrio, que nos afeta individual e coletivamente. Isso que nós chamamos de destino comum, enquanto estivermos nessa nave chamada Terra.

 O arquétipo da justiça aparecerá mais forte e atuará de forma supraordenada (como se fosse um anjo com sua espada, para usar uma imagem) porque coletivamente é necessário se estabelecer outros parâmetros, "outras energias", outras "vibrações". E como as palavras são poucas para expressar isso e sempre vai parecer algo esotérico (que diga o Jung) as pessoas não vão dar crédito aos anúncios, até se estabelecer o caos total, ou quase total.

 Sempre tentamos explicar através da História, e eu sou historiadora, todas as crises e revoluções pelas quais passamos ao longo dos séculos. Mas há sempre o limite, que a História não aborda, da realidade e idéias supraordenadas e do inconsciente coletivo. Agora estão começando a se verificar outras abordagens.

 Vivemos uma crise profunda. Parece que o inconsciente coletivo dá golfadas e tem que esvaziar muita coisa. Os médicos diriam que é uma lavagem estomacal do planeta, principalmente em algumas áreas onde a digestão ficou muito difícil. Bom, apesar de parecerem estranhas essas afirmações, ainda que calcadas em Jung, alguns sabem que é necessário realizar um trabalho alquímico, se possível em cada um. Como cada um cuidar dos seus depósitos de detritos, ou seja, cuidar de sua própria sombra, das máscaras, integrar a própria sombra, tornando-se transparente e usar muita água boa (falando alquimicamente) para nos recuperarmos. Do arquétipo da justiça e de sua espada nos livramos com transparência.

 Como disse em outro post : É indispensável também sonhar, criar, conceber porque entramos em outra dimensão, capaz de ter outro olhar sobre a realidade quando fazemos isso, e melhoramos nossa vibração, a nossa frequência vibratória.

Não adianta dizer, como alguns que se acham com toda autonomia, que cada um cuide de si somente. Estamos no mesmo barco ou nave e é necessária essa compreensão.

 Veronica Maria Mapurunga de Miranda - 15.01.2019

  Dia  15.01.2019

 janeiro /2019

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