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 Ser sempre a mesma e sempre outra                                                                 



      Uma vez li uma crônica de uma mulher, espiritualista, que empreendeu muitas mudanças em sua vida e passou por várias transformações, ao ponto de se sentir outra pessoa, de adquirir outras perspectivas, amadurecer e ser capaz de ajudar outros em suas próprias caminhadas. Tornou-se uma terapeuta.

      Estava certa de suas mudanças para melhor, seu crescimento, sua disponibilidade, até resolver voltar à cidade onde nascera, no interior, para reencontrar as pessoas e curtir férias. Lá chegando, ávida por revisitar amigos de tempos passados teve uma surpresa um tanto desagradável.

     As pessoas, como que estacionadas em um tempo antigo não conseguiam vê-la na atualidade. Relacionavam-se com ela como se ela fosse aquela adolescente que ia a festas e badalava, um tanto doidivanas. Ela, já uma mulher madura, vivendo outro ciclo de vida se viu então enredada em um passado que já não lhe pertencia.

     Não poderia fazer novamente todo o seu percurso e caminho, aos olhos alheios, mas quem poderia saber tudo o que se passara? Não, de fato, as pessoas queriam que fosse outra, aquela do passado, insistindo em velhos temas e velhos hábitos. Cerraram os olhos para sua realidade, para tudo o que podia fazer, contribuir e ver através de outros ângulos. Quando deixou a cidade pensou que necessitaria de muito mais tempo do que umas férias para incorporar naquele meio sua atualidade.

    Outra pessoa, um homem, depois de um duro caminho de transformação tornara-se um curador. Ajudou a muitos. Sentindo necessidade de voltar ao torrão natal, viu-se diante de sua própria família, extremamente necessitada de apoio psicológico, espiritual, com doenças  que poderiam ser curadas com seu simples toque. Vendo a mãe necessitada de ajuda  não podia, entretanto, ajudá-la. Para ela, ele era o filho que insistia em ter religião e espiritualidade independente, ao ponto de lhe dizerem uma vez: santo de casa não faz milagres.

   Algumas vezes, dizem psicólogos que estudam o tema, dentre eles o próprio Jung e  junguianos, o crescimento e transformação de um membro da família traz revolta ou não aceitação de todo o resto da família ou de membros dela. E ás vezes essas mudanças podem mover e produzir a não aceitação em um grupo social. Principalmente, quando esse membro cumpria um papel bastante desvantajoso para ele, de equilíbrio da própria família, do grupo, que dentro de um enredo neurótico necessitavam de sua posição desvantajosa para viverem sem enfrentar suas próprias neuroses e problemas.

    É mais fácil para as pessoas dizerem que há alguém que é um "bruxo" ou "bruxa", ou pessoa malévola,  que corresponde exatamente à projeção de suas sombras. Fazem isso para não enfrentarem a si mesmos e pelo medo que isso acarreta.

    É necessário coragem para enfrentar suas neuroses e as neuroses coletivas.  Mover uma das peças de uma pirâmide, principalmente quando é mal construída, pode fazê-la desabar. Pelo menos essa conjectura pode causar medo, ainda que nem sempre seja verdade. Liberar-se dos erros, inclusive de visões erradas e distorcidas é sempre liberta...dor. Liberta a dor e liberta a alma e refaz-se a vida com alegria.

   Independente da família ou de grupos de pessoas que querem viver no passado e que fazem grande pressão para a pessoa continuar a ser um personagem de uma trama que não lhe convém, cada ato de uma vida liberada é cheia de vida, sentido e esperança. Às vezes, quem está de fora não vê como cada momento tão simples, apesar dos problemas que a afligem é tão importante e não importa que outros não sejam capazes de percebê-lo. Nesses casos, independente do que pensem ou querem de si, a pessoa vive em uníssono consigo mesma, com aquilo que é sempre o mesmo, mas que é sempre outro.

 Não vês que acabas todo dia
Que morres no amor
Na tristeza
Na dúvida
No desejo
Que te renovas todo dia
No amor
Na tristeza
Na dúvida
No desejo
Que és sempre outro
Que és sempre o mesmo

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(Fragmentos de Cantico IV - Cecília Meireles)

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       Verônica Maria Mapurunga de Miranda

 

 

 

  Dia 12

Junho de 2014

   


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