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O Arquétipo do Colonizador ou Revirando os Astros.

 


Sol e Lua ou Lua e Sol.- Escultura em garrafa por Veronica Maria Mapurunga de Miranda - 2014

  Em minha vida eu tive sorte, busquei e sou feliz em minha busca, e agradeço por encontrar masculinos em minha vida (é claro que tem exceções), com quem valeu a pena conviver, amar e admirar. E por isso também gosto do meu masculino que teve em quem se mirar quando tive que transformar em mim mesma, o arquétipo do "colonizador" ou de um masculino que habita a nossa cultura. É necessário descer um pouco mais  em nós mesmos para entender que aquilo que foi introjetado, como padrão, pode ser dissolvido e transmutado com um trabalho interior e com as referências adequadas. E é uma base de permanente transformação e desenvolvimento pessoal.

Mas todos os dias ainda encontramos os reféns desse arquétipo e temos que conviver com eles na cultura, tendo consciência de que um dos trabalhos de quem o conhece é denunciá-lo, colocá-lo  às claras e beneficiar aqueles que ainda se encontram envolvidos nessa energia perversa  e que causa danos.

Vivemos uma época de integração e isso diz respeito às necessidades pessoais e as culturais. A criação de uma nova cultura na qual somos  e seremos elos depende de um novo olhar pessoal e do reconhecimento dos padrões e/ou arquétipos que nos habitam e que nos limitam no desenvolvimento pessoal, na vida e na convivência. É necessário estar atentos para aqueles padrões de comportamento que de repente nos assolam.

Fala-se muito hoje na genealogia psicológica e nos estudos das ancestralidades. Neles há uma recorrência a padrões de submissão, de humilhação, de escassez, de ressentimento e por aí vai. O estranho é que em uma cultura tão autoritária como a nossa brasileira, que vai piorando quando chega ao Ceará, não se tenha verificado os arquétipos do autoritarismo, mandonismo, violência coronelista, mas que se levamos mais a fundo as observações, nós teremos o colonizador. Aquele que escravizou, confiscou a religião e fé dos nativos, dos povos autóctones e trouxe povos de outro continente para viver na escravidão. E sem mulheres ou com poucas mulheres do continente europeu, os colonizadores estupraram e escravizaram em famílias mal montadas, as mulheres indígenas e depois as mulheres africanas.

Apesar de ter existido uma literatura romântica que buscou exaltar os povos indígenas há sempre um romance não existente e o escamoteamento da tremenda violência com as mulheres colonizadas.

Assim,  além dos portugueses que vieram para o Brasil serem assassinos, ladrões e pessoas de prisões portuguesas abarrotadas, que foram indultadas e degredadas para explorar o "novo mundo"  tivemos um feminino "colonizado". Está em estudo de antropólogos, como Darci Ribeiro, o dilema desse feminino.

E essa discrepância de gênero tem uma influência muito grande sobre um masculino grosseiro, com dificuldades de troca e de reconhecimento do feminino, muito autoritário, chegando a ser misógino quando analisamos a sociedade e cultura patriarcal. O arquétipo do colonizador existe e é vigente e está entranhado nas famílias, quando membros familiares se sentem no direito de causar violência intra-familiar com os membros femininos, que não se sujeitam aos seus ditames. Na verdade, apesar de serem ocorrências absurdas, essas violências precisam ser entendidas à luz de uma sociedade patriarcal colonizadora.

Em época da emergência de um ciclo feminino vemos que mulheres também são tomadas por esse arquétipo autoritário, de mandonismo, de se alinhar às raízes colonizadoras e negar o seu próprio feminino ancestral.  São pessoas com necessidade de dominar, humilhar, rebaixar. E carregam assim muitos valores e sentimentos negativos por negarem sua própria raiz e constituição, fazendo mal a si e a outras mulheres.

 O Arquétipo do colonizador que está com certeza nos muitos homens, pode estar radicado também em uma divisão interna que carrega a própria mulher. Ser mulher e ter ideologia colonizadora significa, em tempos que se requer autenticidade, carregar a divisão em si mesma e mantê-las dentro da própria família. É um aspecto muito sombrio que leva com certeza a problemas sistêmicos dentro da própria família. Diz-se com razão que a mulher é o esteio da família, por cuidar do equilíbrio emocional, afetivo da família e educação dos filhos, atualmente já iniciando o partilhamento dessas tarefas com homens.  São aspectos de poder intra-familiar  que somente a mulher se liberando pode libertar a própria família do jugo desse arquétipo.

  Ao mesmo tempo ela necessita se reconstruir nesses aspectos para poder brilhar com o feminino desse novo ciclo. As mulheres dos povos originários já o estão fazendo, mas as miscigenadas que assumem a cultura colonizadora não o estão. Ou não estão tendo consciência da profundidade de suas divisões internas e necessidades.

Fala-se muito de transição planetária. E ainda que ela se arraste, há ciclos necessários a serem cumpridos. Quando há uma crise existencial pessoal vive-se o seu contrário. É uma necessidade fundamental de reconstituição interna e do reconhecimento do que está inconsciente. A criação de um terceiro ponto de vista e aliança interna só é possível com a vivência do seu contrário ou oposto. E isso ocorre também com a cultura. Mas isso não se faz, a princípio, sem resistência. Reconhecer a sombra, o que foi recolhido na cultura, o que foi soterrado como valor feminino e ancestral é um resgate necessário à cultura e tem que ser vivenciado.

Em 2014 decorei umas garrafas, das quais ficou uma comigo, que só percebi, recentemente, havia uma troca do par - sol e lua- como simbologia do masculino e feminino. E eis que minhas mãos fizeram uma lua masculina e um sol feminino.

Refletindo agora, digo: É tempo de despertar para o sol existente nas mulheres e para uma lua nunca ou pouco resgatada nos homens. Nosso masculino também agradece. Que o masculino esteja banhado de lua, teremos que viver os contrários, enquanto os femininos  passarão a brilhar e girar como girassóis. Sol e lua para nossas vidas!

-----------------------------------------------------------------            Verônica Maria Mapurunga de Miranda

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