Já não quero saber de reflexos, nem de espelhos. Ali onde tudo parece igual ou único busco mais a inspiração.

 

 O QUE É BOM ESTÁ GUARDADO  OU O SEGREDO DA VIDA

 

ARQUIVOS

 

Nesses nossos tempos modernos ou pós-modernos, como queiram, as coletividades vivenciam a perda de referências, a perda da subjetividade e otras cositas más que se pode tentar resumir naquela famosa e tão utilizada frase: tudo o que é sólido se desmancha no ar. A dessacralização de tudo, que ocorre nos tempos modernos e pós, nos levou a perda de símbolos profundos e da importância e realização do  sublime. As religiões, artes, filosofias & Cia que de alguma forma cumpriam  essas necessidades também estão sendo revolvidas e exigindo redefinições.

 As sociedades ocidentais polarizadas a um nível quase extremo não conseguem encontrar de forma efetiva essa ponte necessária que poderia levar a constituição de novos espaços onde o simbólico possa existir e as pessoas possam novamente aprender a simbolizar, estabelecer seus elos e viver mais plenamente. Todas essas questões não constituem novidades. Há uma vasta literatura e estudos sérios e importantes sobre o assunto.

Mas como os estudos somente apontam essas questões e esses problemas não se resolvem sem vivência e realização, e ainda que em nível individual haja uma grande procura e busca por esse ponto de equilíbrio, no nível da coletividade -lembrando que vivemos em sociedades de massa - a resolução desses problemas está sendo buscada de forma apelativa, seja em torno do novo Deus sacrossanto dinheiro, capital, numerário, lucro ou como se queira chamar, ou do apelo à inflação egóica e desmesurada do poder.

 Na atualidade,  ao mesmo tempo em que se vive a possibilidade de criação de todo tipo de espaço para se buscar a realização interior, nunca houve um terreno tão fértil para se viver o super-homem de Nietzsche, de forma tão egóica e até desviada das formas que o mesmo anunciou. Considerando, entretanto, que a dessacralização contida na idéia  do super-homem já apontada em estudos por Carl Gustav Jung,  levava em sua própria formulação  a possibilidade dessa inflação.As tentativas históricas e atávicas do ser humano de tentar dominar a natureza, dominar as sociedades, as culturas e agora o universo acabam se mostrando em um campo minado, que é o campo das religiões.

As religiões, filosofias, seitas e uma certa psicologia de caráter transcendental tornaram-se também empresas e giram em torno do Deus dinheiro e do poder. Descobriram que o ser humano tem poder ilimitado dado por descobertas científicas da vastidão das propriedades cerebrais e do controle da mente, de sorte que saíram das especulações da ficção científica, que era bem mais interessante e agora dão lições através de documentários, livros de auto-ajuda e o escambau em pastiches que mesclam princípios cósmicos, princípios de reflexo condicionados pavlovianos e comportamentalistas de todo tipo, de hipnoterapia e acompanhantes.

Segundo estes, com o simples pensamento e desejo positivo você ganha milhões de dólares, euros e até reais, resolve seu sonho da casa própria,  seus sonhos de consumo, encontra um novo amor, recupera sua saúde e vive num mar de rosas. Outro aspecto dessa onda é acabar com os mistérios e buscar a qualquer custo saber os  segredos milenares e ocultos, seja da vida ou de qualquer coisa. A irreverência  e pouca importância que se dá ao mistério, ao sagrado, aos símbolos, que em grande parte não se pode analisar  e explicar, mas vivenciar, é outra característica da sociedade moderna. As pessoas não querem vivenciar o mistério, ou o sagrado, querem analisá-lo, decompô-lo ou utilizá-lo para fins e objetivos nem um pouco sagrado ou santo. Todo conhecimento é manipulável.

A sede de mistérios, a ausência de símbolos necessários no seio da população encontra assim escoadouro nas receitas fáceis, mágicas sem a magia criadora, e até complexas, do pensamento e controle da mente que apontam para o admirável mundo novo ou mundo feliz de Aldous Huxley. O apelo é:não sinta dor, não tenha tristeza, tenha abundância de riqueza, controle sua mente e a dos outros, controle seus desejos e o dos outros, seja Zen (com todo o respeito, aqui faço referência a uma forma corriqueira e mal utilizada dessa palavra) ou anestesiado. Em outras palavras isto quer dizer: torne-se um robô, não viva, esqueça sua dimensão humana, ela não serve.

Nesse pensamento corriqueiro todos os princípios cósmicos partes das principais tradições espirituais  e filosóficas tornam-se pó de arroz. Foi o que vi outro dia em um filme, que desisti de assistir antes da metade, sobre a revelação de um importante segredo da humanidade. Filme muito propagandeado. Certa de que era mais um filme de ficção científica resolvi assistir, até perceber que era mais um dos embustes dessa forma de pensamento e empresas televisivas e cinematográficas que lançam um apelo para as populações desavisadas, desesperançadas e desejosas de soluções anestesiantes para seus problemas. Pegaram um princípio cósmico - a lei de atração - e o transformaram em soluções cosméticas (com todo o respeito pela cosmetologia) de todos os problemas.

 Além disso, disseram que  todos os gênios da humanidade (e citam inumeráveis) sabiam esse segredo e não revelaram. Deu pelo menos para eu concluir com esse filme (a gente sempre aprende alguma coisa) porque esses gênios foram considerados gênios. Jamais fariam tamanha asneira (ou besteira mesmo).Percebi, logo, logo, no início do tal filme que o que é bom está guardado, como diz uma amiga minha. Para conhecer os verdadeiros segredos, dizem os textos sagrados tradicionais, é necessário ter olhos para ver e ouvidos para ouvir.O vice-versa e/ou olhos para ouvir e ouvidos para ver também servem.

No desespero, e na necessidade real que se apresenta do contato e conhecimento desses princípios cósmicos, deixados de lado pelo cristianismo, um dos pilares de nossa cultura, e que não existem para alguém ganhar na loteria ou ficar milionário de repente, mas que vão nos servir para nos resgatar como seres humanos e cidadãos planetários nessa nova era em que estamos adentrando, digo:  procuremos aprender com as sociedades e culturas tradicionais do continente e do planeta.

Temos muito o que aprender no acolhimento de outras cosmovisões - que aliás fazem parte de nosso substrato psíquico coletivo - dos povos originários das Américas e do Brasil. Temos também uma cultura rica ainda de símbolos, com um povo criativo, que exerce arte e magia criadora e que poderão nos levar aos saltos quânticos que necessitamos.

Quando deixei o tal filme saí pra fazer pão. Vi, então, o trigo crescendo e inchando com o fermento, transformando aquele alimento da natureza no pão nosso de cada dia  e veio a frase: Pão nosso de cada dia, nos dai hoje e perdoai...Eis um segredo da vida.

Saí depois pra fazer compra e lá no meio do ar condicionado umas violetas africanas roxas, lindas, me sorriram. Ainda tentei ignorar, mas não consegui. Elas me perguntavam: E aí, você não vai me levar? Eu pensei: E agora Cartola? Você não disse que as rosas não falam? Se não falam, pelo menos elas seguem o princípio cósmico e lei da atração. Confesso que fui fisgada. Com elas e outras compras fui passando pelo caixa, e lá, abandonado em um canto qualquer, morrendo de frio, um cactus lindo e maravilhoso. Olhei de soslaio, pra ele não me pegar, mas não pude resistir à atração e disse: Oh! Como é belo? E ouvi ao mesmo tempo, duas vozes falando, que mais pareciam  um complô, a de meu companheiro e da moça do caixa, dizerem: Você vai levar?

Levei e saí correndo para escapar da atração daquele mundo vegetal e natural, que aliás domina muito bem  a lei de atração. Depois entrei em estado de encantamento, e sem querer, ainda que eu saiba que vocês não acreditam, elas começaram a me contar o segredo da vida. Como é segredo eu não posso revelar e mesmo que eu quisesse não conseguiria (rss..rss). Mas se vocês quiserem apurar os olhos, quem sabe vocês conseguem ver alguma coisa. Por isso resolvi compartilhar com vocês, que porventura ou por acaso pararem nessas páginas, esse segredo da vida, nas fotos dessas plantas atrativas.

Clique e Veja as fotos.

 

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Verônica Maria Mapurunga de Miranda  

Dia Comum (06) 

Agosto de 2007

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