GALERIA

 

                CRIAÇÕES 

Veja também em Galeria: ARTE E RECICLAGEM - ARTE -CULTURA-HISTÓRIA

A ARTE COMO CRIAÇÃO

Quando a arte apareceu em minha vida senti que era algo para a VIDA. Nunca para estar em um museu ou galeria simplesmente exposta, mas para circular livremente, fazer parte do cotidiano, estar entre as pessoas, distribuir seu alento, sua beleza, sua numinosidade, ou qualquer sentimento que tocasse os corações e que despertasse algo, mesmo pequeno e fortuito ou que fizesse brotar um desejo, uma vitalidade, uma descoberta e até quem sabe um florescimento. Eu a sentia como parte da vida e algo que me fazia  ir além do meramente profano e que transformava as coisas, os objetos parlantes em uma dimensão sagrada, em que se descobre que na verdade nunca houve separação entre essas dimensões. Essa extensão, depois de uma visita em que a arte me mostrava todo o seu potencial, se acercou de mim mesma para fazer sua própria revolução. Tive que me contentar com o fato de que a tinha, que era uma possibilidade permanente, mas sem necessariamente poder utilizá-la como um ofício que me permitisse sobreviver materialmente. Foram várias tentativas nesse sentido e em alguns momentos isso causou decepção e comentei com meu companheiro, já falecido, essa impossibilidade e ele disse: Não tenha ansiedade em relação a isso. Pense que a arte lhe faz muito bem e a mim particularmente todos os dias usufruo dela. Estava em muitas peças ou objetos parlantes por toda a casa. Uma vez quando mudamos de casa e tinha que ter cuidado com o transporte, os funcionários da transportadora que chegaram para fazer a mudança pararam para ver as peças e ficaram observando-as, com admiração e prazer. Comentavam cada peça e fiquei me sentindo como se estivesse em uma galeria, mas de forma diferente e com um público diferente, que em geral não vai à galerias e que não é importunado porque pode aparentar não ter dinheiro suficiente para adquirir uma peça de arte, com o valor de mercado. 

No sorteio da escultura Mestre Francisco um participante e ajudante da Feira Agroecológica de Viçosa do Ceará, local da atividade, aproximou-se, colocou um ponto na rifa  e perguntou se ele ganhasse a escultura como poderia colocá-la bem em sua casa. Estivemos conversando e vi o carinho e o desejo dele, de ter aquele objeto parlante em casa. Ele não foi sorteado, mas depois do sorteio disse: Você vai fazer outros sorteios ? E eu percebi a importância de que principalmente as esculturas de maior valor pudesse ter o acesso facilitado (através dos sorteios, por exemplo) para quem não pudesse pagar um valor um pouco mais alto, mas que quisesse e amasse tê-las por algo que somente cada um pode explicar. Depois, outras pessoas me confirmaram que gostariam de ter arte em casa, mas nem sempre era possível. Essa idéia que me fazia pensar desde o início em trabalhar para desfazer a dicotomia existente entre arte e "artesanato" ou a chamada "arte popular" que não se inscreve nos padrões clássicos da arte ou de dadas estéticas. Vi, por exemplo, nas artes dos povos pré-colombianos, que muitos passaram depois a chamar de "artesanias", que não havia essa separação e dicotomia. A arte estava em tudo, no cotidiano e toda ela era considerada arte, sendo ao mesmo tempo utilitária e sagrada. A arte era criação e linguagem do coração. "Aqui busco um espaço de recuperação, de resgate, desse conceito de  arte, a criação, sendo ou não utilitária, mas que expresse os símbolos de nossa cultura, e que os leve para o cotidiano, para as pessoas, em suas várias formas de expressão, para a busca desse todo e dessa inteireza.(Apresentação)" Daí surgiu a palavra  Artesanias no meu site, como um ponto de questionamento dessa divisão e como uma referência básica ao sentido de realizar o artesanato da alma. Veja em: http://www.veronicammiranda.com.br/artesanias.htm.

A ARTE COMO ENCANTAMENTO

A arte é a possibilidade de nos reencantarmos novamente com o mundo e transcendê-lo. Para além da realidade palpável, material, a arte nos convida e nos leva aos recônditos da alma, retirando-nos do sofrimento e possibilitando outra forma de ver. Nos mostra assim que a beleza está em todos os lugares desde que os olhemos com outros olhos e criemos possibilidades de transformá-los de forma positiva. O encantamento não se explica, mas sente-se e se desenvolve ou se encontra em nosso próprio Ser e nas possibilidades de partilhamento e compartilhamento capazes de  colher essa beleza, que está em todo lugar.Vide:

http://www.veronicammiranda.com.br/artesaniaspoesia.htm

www.veronicammiranda.com.br/transformarte.htm

 Quando eu reciclo algo que aparentemente  aparece como lixo, ou como algo recusável, que já não serve e o recoloco em um patamar de beleza, estou realizando em mim esse reencantamento e reintroduzindo a possibilidade  de desenvolver e criar algo positivo para a realidade em que vivemos.  A reciclagem na arte é, assim, uma forma de nos transformamos, de nos reciclarmos em termos criativos, à medida  que criamos algo novo para o mundo e partilhamos essa experiência, favorecendo o desdobramento dela na realidade e cultura em que vivemos. Por outro lado a reciclagem na arte mostra ser uma atividade sustentável. Quando se recicla com arte evita-se o aumento de lixo não degradável na natureza e é ao mesmo tempo atividade economicamente criativa.  

ARTE -CULTURA- HISTÓRIA

A arte é espelho, mas também ponte, favorecendo o reconhecimento de aspectos nossos e da cultura, da diversidade e daquilo em que somos um, possibilitando que estejamos  conectados ao nosso tempo e cultura e ao mesmo tempo possamos transcender os tempos e exercer a "contemporaneidade do não coetâneo", resgatando para o presente o passado recuperável e necessário através dos símbolos da cultura, bem como intuir as possibilidades e direções  que as populações subterraneamente  pedem. A história esquecida, as vozes que ainda ecoam e necessitam ser integradas, reclamam uma existência para um presente mais completo, com mais integralidade.  Nesses aspectos e sentido, arte e natureza se encontram e elas nos devolvem sempre às tradições e raízes para que sejam ressignificadas para o presente, bem como evidenciam as emergências daquilo que é novo, que restabelece o movimento e nos mantém em fluxo com a natureza e cultura. A arte mobiliza tanto individualmente como coletivamente. O texto seguinte sobre o sentido do meu trabalho como artista coloca essa dimensão e apesar de pequenos esclarecimentos que aqui e ali acrescento continua o mesmo que foi escrito como um novelo que foi se desenrolando em fevereiro do ano 2000: 

 "A verdadeira função ou sentido do trabalho d@ artista é estar antenad@ e conectad@ com seu tempo e sua cultura.Trazer para a atualidade o passado recuperável e necessário e apontar as direções que essas sociedades subterraneamente pedem. Deixar fazer-se a "contemporaneidade do não-coetâneo", em um tempo que não é linear, e que pode ser sentido nas formas que simbolicamente assume essa arte e no resgate dos símbolos da cultura. Conhecer-se e reconhecer-se como participante dessa cultura coloca @ artista em um fluxo com as pessoas e realidade em que vive, possibilitando o resgate dos símbolos positivos fazendo-a crescer e se desenvolver, enquanto el@ cresce."

"Trazemos e repassamos um somatório de experiências, vivências e de "verdades eternas" que transformam nossa vida cotidiana, sem que o saibamos, em um corredor de "arquétipos" muitas vezes disseminados como preconceitos, palavras de ordem, tabus, reforçados em geral pela mídia e recriados à medida das necessidades das ideologias dominantes, como uma sombra. Sombra pelos aspectos negativos e inconscientes ou aspectos importantes e esquecidos ou suprimidos e que leva as pessoas a um conhecimento fragmentado, bipartido e preconceituoso da realidade em que vivemos."

"A recuperação da inteireza e do crescimento dessas sociedades pressupõe o reconhecimento dessa fragmentação e o reconhecimento das oposições e diferenças existentes. Expor a sombra, trazê-la à luz, resgatar as tradições, os pontos de referência e identidade de um povo naquilo que representa suas raízes, na necessidade de ressignificações, de reconhecimento das diferenças e realização de pontes nas fragmentações existentes. Movimentar e recriar as verdades tidas como eternas, que estanques, atrapalham e emperram o fluxo do conhecimento verdadeiro.Captar tudo isso de uma forma simbólica, e com a arte alquimizá-lo no agora é uma função primordial d@ artista, aquel@ que através de sua função criadora pode transformar-se à medida em que trabalha para transformar positivamente a sociedade e cultura em que vive.
Verônica Maria Mapurunga de Miranda - fevereiro/2000" Vide: http://www.veronicammiranda.com.br/culture.htm

Eis o sentido da arte em que me inscrevo, que está desde o início de minhas atividades artísticas, mas que agora aparece cada vez mais como necessária e urgente. Mãos à obra. A Arte, a Cultura e a História juntas. Verônica Maria Mapurunga de Miranda - 04.12.2018

 Veja também: Viçosa... Tempos de Outrora. Tradições e Emergências Culturais. http://www.veronicammiranda.com.br/tradicoes.htm

 

Artesanias-de Verônica Miranda-www.veronicammiranda.com.br

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