TRANSITANDO EM NOVOS PARADIGMAS

FAMÍLIA, EDUCAÇÃO E CULTURA

(Novas abordagens)

 

AQUI É UM ESPAÇO PARA REUNIR COMENTÁRIOS E REFLEXÕES QUE VENHO FAZENDO NO MUNDO VIRTUAL SOBRE ESSA QUESTÃO QUE SE INSCREVE NOS NOVOS PARADIGMAS E QUE DIZEM RESPEITO ÀS PRINCIPAIS MUDANÇAS DESTE SÉCULO QUE JÁ FORAM INICIADAS. A FAMÍLIA, A EDUCAÇÃO E A CULTURA  SÃO TRÊS SISTEMAS EM QUE O INDIVÍDUO PARTICIPA E QUE VÊM SOFRENDO MUDANÇAS RADICAIS PARADIGMÁTICAS OU NECESSITANDO DELAS.   SÃO ARTIGOS DE OUTRAS SEÇÕES DO SITE, BEM COMO DE COMENTÁRIOS E REFLEXÕES AQUI DESENVOLVIDOS SOBRE O TEMA. VERONICA MARIA MAPURUNGA DE MIRANDA -27.10.2019


                                                                                          MUDAR FAZENDO. NOVAS PERSPECTIVAS PARA A POLÍTICA

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“A política é parte da História e Cultura em seu sentido abrangente. Ela existe porque necessitamos atuar em coletividade, em representação, para melhor servir a todos e ao todo. Quando um sistema globalizado e uma civilização que caduca começam a ser colocados em ch(x)eque mate (dois sentidos: com ch nos extinguimos com x nos salvamos) temos que repensar suas praticas históricas, seus pressupostos e as mudanças necessárias no presente. A politica a serviço da população e do planeta necessita de todos e de cada um. Para refletir. Veronica Maria Mapurunga de Miranda. (17.05. 2020)

   Publiquei o artigo Democracia e Mudança de Civilização na América Latina (http://www.veronicammiranda.com.br/democraciaecultura.htm) em 27.10.2019 neste portal e página, suscitado por uma reportagem dos Jornalistas Livres sobre palestra de Pepe Mujica¹ e sobre o  que eu considerava ser a “Revolução Boliviana” a partir dos rizomas, e da necessidade de mudança de civilização. Não demorou muito para  a “Revolução Boliviana” ser colocada em xeque pelas propostas e ações dos donos dos impérios do velho sistema e das contradições e fragilidades que todo sistema nessa ordem tem. Impossível resistir completamente e sozinhos a uma ordem de um sistema globalizado que destrói, com mecanismos reguladores, as iniciativas que levam a um novo tipo de cultura, economia, política e civilização.

 Mas, sobretudo, é possível verificar as dificuldades quando percebemos  que a política, a partir de dados e ações externas, não consegue mudar os preconceitos, as inflações e inflamações do poder egóico, que em geral os próprios políticos e militância exercem. E esse fato, mesmo percebendo a tônica e os diferentes sentidos das ações, pode ser verificado na política desde a esquerda até a direita.

 Surpreendi-me quando um dia, e não faz tempo, um amigo me disse que estranhava que  eu não escrevesse sobre política e mesmo assim algumas pessoas atuassem como se eu o fizesse. De fato,  o conceito de política para muitos militantes  e até intelectuais ficou muito estreito, considerando todas as mudanças que vivemos.Talvez não faça mais sentido falar de política sem falar de filosofia, sem falar de  espiritualidade, sem falar de autoconhecimento, sem falar de natureza, sem falar de novos paradigmas e sem questionar os estreitos parâmetros em que ficaram as coletividades,  as mentes e corações, perdidos na alienação da sociedade de consumo e de um sistema que não dá mais para viver.

As reflexões que fiz no artigo acima continuam vigentes e mais do que nunca. Esse momento em que o sistema teve que parar  por algo de natureza maior  e inesperado como a COVID-19, que com sua virulência e resultados nos faz pensar sobre a vida e a morte, nos traz um novo sentido para a política, aquele sobre o qual alguns já falavam mas não eram entendidos. Novas ondas e sobressaltos na vida de todos já estão sendo aguardados para os próximos três anos deste século, em que as incertezas nos chamam a profundas  mudanças. E isso nos convida e nos fará pensar, aos trancos e barrancos, nas necessidades de mudança do sistema civilizacional e a colocar a democracia sob outros pressupostos. Não temos mais tempo de ficar na democracia de retórica e na política que não resulta cotidianamente  em melhorias e mudanças de vida para a coletividade. A saber, tudo o que se discute, se faz e reparte entre poucos que militam, são eleitos, representam e gestionam, movem recursos e possibilidades de mudar a vida de cada um, que em geral não é mudada, não é consultada e fica nas molduras políticas, que servem à corrupção, à concentração de bens e riquezas à custa do erário, à privatização do que é público, ao patrimonialismo que todos já conhecem.

Questionando a forma de fazer política de esquerda à direita no artigo citado concluí, a respeito da política em nossas paragens: "Durante os governos do PT houve um florescimento cultural no sentido de se buscar as raízes e dialogar sobre essa "cultura colonial", movimento que deveria ter continuidade e que pudesse se expressar em novas formas de ser e viver, porque se não há uma cultura originária aceita, que sirva de esteio para as mudanças, estas vão ser feitas a solavancos. Não podemos ter mudança de civilização sem mexer nos rizomas e sem trazê-los à superfície, para concretizar a cultura e sociedade em novas formas."

"Princípios solidários, rizomas, novas relações sociais, novas formas de poder, criatividade, natureza e comunitarismo são palavras que nos remetem a revoluções internas. Nós não conseguiremos fazer mudanças nessa direção sem a verdadeira disposição de começar a mudar individualmente. E por isso vem a idéia de começarmos com atividades de “mudar fazendo”, em uma proposta que vem de dentro, com atividades que mude o circuito das energias e proposições, que sempre foram de fora para dentro, para se poder criar as novas realidades." (Do artigo: DEMOCRACIA E MUDANÇA DE CIVILIZAÇÃO NA AMÉRICA LATINA )

 Acabou a época dos discursos vazios, sem coerência, feitos em parâmetros coronelistas, colonialistas, consumistas, que estimulam a competição, o egoísmo, a separatividade, o poder pelo poder, os grupos de poder verticais e que perseguem, que excluem e são resultados de uma cultura narcísica, vazia e sem amor. Esta palavra (amor) de uso tão adocicado vai ter que ser recuperada e ser usada em seu verdadeiro sentido.  As divisões entre o que é individual e coletivo sofrerão mudanças profundas. E a política e a democracia poderão incluir a contribuição individual de cada um que se expresse como coletivo. Em algum lugar de todos nós somos capazes de sentir como coletividade, como o todo que se expressa em uma nova inteligência e em uma nova ética. Talvez a única forma de nos sentir responsáveis por aquilo que é coletivo, público, que é de todos e que é  nosso. Mas terá que ser algo realizado na prática do cotidiano em que a ordem é "mudar fazendo". Os partidos, os grupos de militância, as atividades voltadas para o coletivo terão que sofrer mudanças drásticas para se coadunarem com os novos ares e novos tempos. Não vale mais apenas fazer discursos. 

 A falta de conexão verdadeira torna a política algo alheio ou algo inscrito em partidos, facções, grupos de poder, alijando e alienando grande parte da coletividade. A verdadeira democracia deveria  acolher no dia-a-dia a singular contribuição de cada cidadão e cidadã, que retorna a todos. O reconhecimento e aceitação das  diferenças necessárias para a composição de um todo. O poder horizontal, a hierarquia entrelaçada é uma experiência que ainda temos que viver para harmonizar as novas formas de vida do planeta. Essas novas formas nos convidam  a repensar as práticas históricas de política que não caberão mais em uma sociedade construída em uma civilização que virará pó, cinza, para renascer como uma fênix.

Verônica Maria Mapurunga de Miranda -16.05.2020

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1. “Nossa luta não é só por democracia, mas por outra civilização”, diz Mujica- Reportagem de Camilla Hoshino, Carolina Goetten e Gibran Mendes com fotografias de Leandro Taques, para os Jornalistas Livres : https://medium.com/jornalistas-livres/nossa-luta-n%C3%A3o-%C3%A9-s%C3%B3-por-democracia-mas-por-outra-civiliza%C3%A7%C3%A3o-diz-mujica-7528c0d61320 – Consultado em: 27.10.2019

 

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