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AS PONTES SÃO COMO PÁSSAROS

Thiago de Mello

Como nasce um vôo de pássaro,
súbito e simples
(ninguém - talvez nem o próprio pássaro
- sabe jamais em que instante vai se erguer),
nascem também as pontes do coração
entre as criaturas humanas.
Nem sabem que vão nascer.


Pontes que são como os vôos
dos grandes pássaros belos,
são como os vôos das águias,
que certeiras e alto voam.
Perenes de sortilégios,
são como o vôo sereno
do condor pastando alturas.


Também são como o dos suaves passarinhos,
em peleja pelo pão de cada dia;
vôo alegre e cristalino das asas amanhecendo.
Antes de tudo essas pontes
são como  os vôos que chegam.
Chegam sempre.

Ainda que algumas se façam tardas,
jamais se fazem retardatárias.
Não sofrem de tempo as coisas
nascidas do coração.


Nascem as pontes e se alçam,
certeiras de seus destinos
como as águias de seus rumos
- e se vão, levando alvuras,
aconchegos, mansidões:
pontes de amor sobre um mundo
já quase alheio a milagres,
como um vôo de alvas asas
contra o azul já anoitecendo.


Por mais que muitas desabem
(acaso por desamadas),
embora tantas se calem
(talvez porque recusadas)
mesmo que muitas se percam
depois de perdido o pouso,
- nenhuma ponte de amor
se estende jamais em vão.


Pois algo sempre perdura
de tudo a que ela deu rumo:
seja um resto de recado,
um fragmento de canção,
leve lembrança de alvura,
ou seja apenas a sombra
de uma ternura. Pois algo
das pontes - feitas de infância
e de amor - sempre perdura.


Como contra o sol, o vôo
de um pássaro cuja sombra
se projeta e vai cavando,
bem de suave, um rastro eterno,
no manso verde do mar.

 

Plano de Fundo:Condor - Criação de Verônica Maria Mapurunga de Miranda

Midi de fundo: El condor pasa -anonimo andino

Artesanias-de Verônica Miranda-www.veronicammiranda.com.br

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