TRANSITANDO EM NOVOS PARADIGMAS

FAMÍLIA, EDUCAÇÃO E CULTURA

(Novas abordagens)

 

AQUI É UM ESPAÇO PARA REUNIR COMENTÁRIOS E REFLEXÕES QUE VENHO FAZENDO NO MUNDO VIRTUAL SOBRE ESSA QUESTÃO QUE SE INSCREVE NOS NOVOS PARADIGMAS E QUE DIZEM RESPEITO ÀS PRINCIPAIS MUDANÇAS DESTE SÉCULO QUE JÁ FORAM INICIADAS. A FAMÍLIA, A EDUCAÇÃO E A CULTURA  SÃO TRÊS SISTEMAS EM QUE O INDIVÍDUO PARTICIPA E QUE VÊM SOFRENDO MUDANÇAS RADICAIS PARADIGMÁTICAS OU NECESSITANDO DELAS.   SÃO ARTIGOS DE OUTRAS SEÇÕES DO SITE, BEM COMO DE COMENTÁRIOS E REFLEXÕES AQUI DESENVOLVIDOS SOBRE O TEMA. VERONICA MARIA MAPURUNGA DE MIRANDA -27.10.2019



Sobre a falta de amor, inteireza e autoconhecimento “em tempos de cólera”.

 

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Duas questões me apareceram em artigos e reportagens, mostrando a ponta do iceberg da crise das relações matrimoniais e do naufrágio de famílias inteiras por questões de desestruturação, toxicidade e constelação da sombra familiar, devidas a um mal moderno e da cultura- o narcisismo, a falta de inteireza e a falta de autoconhecimento. Com a quebra do patriarcado, o questionamento do papel da mulher, que também encerra a questão da maternidade e das relações matrimoniais nesse contexto, os problemas aparecem muitas vezes como acusação (Mães tóxicas) ou (Homens com baixa libido), quando, de fato, precisamos ter a compreensão do sistema familiar e relações que sofrem e causam crises existenciais, como o narcisismo e psicopatias, que se refletem na própria cultura moderna.

Comentário que fiz em El país (mas está mais completo aqui) e também no meu face pessoal (Veronica Mapurunga Miranda), sobre artigo que aborda os homens com baixa libido.

O patriarcado está fazendo água e isso mexe com os dois ou mais sexos. O sexo não está dissociado do resto e de certa forma os homens o mantiveram meio dissociado e meio esquizofrênico. E as mulheres reprimidas e sem descobrirem todo o seu potencial. Mas, agora as pessoas estão sendo chamadas à sua inteireza e é natural que o sexo, assim como o restante seja questionado. A crise é de tudo. Em geral as pessoas acham que o sexo é o mais importante em uma relação. Ele é importante, sem dúvida, mas saber enfrentar as crises de uma relação é mais importante. Há tempos atrás Freud colocou o sexo como libido, que é a energia vital, mas depois veio Jung e colocou a libido como sendo a energia espiritual, que inclui sem dúvida também a sexual, mas é mais que isso.

Os homens em geral não aprenderam isso. Procuram ainda dizer (infelizmente algumas mulheres também falam disso, mulheres que ainda aceitam a tese dos bodes expiatórios) que o problema é das mulheres que tiram a potência dos homens, mas essa afirmação não resolve os problemas de ambos.

De fato, a crise de cada um, é a crise de cada um e não é possível vidas paralelas. Melhor mesmo é cada um se autoconhecer e procurar saber se vale à pena colocar o sexo como o mais importante, quando a crise generalizada nos convida para ser mais integrados e por um tempo essa questão vai ser diminuída, para dar espaço para tudo que a pessoa necessita resgatar. Resgatando em conjunto aquilo que cada um é com transparência é possível resgatar um relacionamento mais forte.

Caso contrário, as pessoas que compõem o casal vão colocar a culpa do fracasso no outro e vão procurar pessoas novas, que também são descartáveis, para não se renovarem e com certeza podem chegar ao seu lodo. E neste caso não se sabe se terão volta. A questão sexual para “machos insatisfeitos” podem levá-los ao fracasso total e perder uma boa relação e tudo o mais, por alguns momentos de prazer dissociado. Jung tratando a questão de animus e anima (representações arquetípicas internas do masculino e feminino) coloca como a falta de autoconhecimento e de resolução dessas questões internas a causa que levam muitas vezes os homens ao rebaixamento moral em suas vidas e como os casamentos modernos deixam de ser, muitas vezes, uma relação entre pessoas para ser uma relação afetada entre “anima” e “animus”.

No caso do rebaixamento moral ele cita o filme Anjo Azul, em que o caso de um homem com uma mulher atriz (ou prostituta) o leva a uma vida sórdida, que ele sempre renegara, diferente de tudo aquilo que ele queria de sua vida. A mulher fatal que aparece no seu caminho sempre existirá (elas estão por aí), mas a questão é como por ter uma anima que desconhecia, assim como sua própria sombra, ele as projeta e cai, através da mulher fatal, em todos os maus contos que ele sempre detestou. Caiu em um lado sombrio que lhe dava gozo, mas que significava a sua perdição. E daí a importância do autoconhecimento. Aquilo que momentaneamente aparecia como um desejo de realização sexual, de fato, era uma queda em sua própria sombra e anima não conhecidas e não trabalhadas. Os homens, em geral, não procuram e não aceitam se autoconhecer e assim ocorrem os desastres. E não falta a mão predadora que ajuda alguém a entrar em seu próprio inferno, que tem gozo, mas a perdição sem volta.

Quantos relacionamentos que entraram em colapso pela irresistível atração da mulher fatal, que é nada mais e nada menos que a projeção da anima conturbada . Em época de quebra do patriarcado as crises dos masculinos são, de fato, uma tábua de salvação, porque permitem que suas vidas não desçam ladeira abaixo, através do autoconhecimento e resolução das questões internas. São as crises e a resolução delas que permitem o encontro do equilíbrio.

Em geral, são as mulheres que se debruçam sobre as crises, mas o patriarcado está fazendo água e as mulheres já estão se autoconhecendo o suficiente para não carregar mais essa carga e nem mesmo a culpa que é dada aos bodes expiatórios da cultura. Descobrir cada um a sua potência é responsabilidade pessoal e quando um casal faz isso junto a relação ganha e cresce. Caso contrário, continuará no descarte eterno. É necessário ver essa questão de uma forma mais global, considerando os reclamos das mudanças do patriarcado, que afetam os dois sexos. Veronica Maria Mapurunga de Miranda. 15.11.2021

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Toda mãe é mãe?

Instigada por uma reportagem que li sobre mães tóxicas.

De fato, a história de “toda mãe é mãe” é um mito, porque no ser humano a maternidade é aprendida e a paternidade também. A questão do instinto materno é importante, desde que as crianças ainda nasçam de mães e não de uma incubadora artificial, em que há uma relação instintual e corporal muito grande entre feto e mãe na gestação, por exemplo. Isso tem sido verificado nas experiências perinatais. A maternidade tem uma influencia muito grande no desenvolvimento da vida de uma pessoa, assim como o reflexo que essa mãe ou pessoa que cuida do bebê faz à criança até completar a idade em que o ego se desenvolve, refletindo amor e bons sentimentos para a criança. O sentimento de rejeição, ou sentimentos negativos e tóxicos, o mau espelhamento nessas fases têm efeitos nocivos sobre o desenvolvimento pessoal de cada um e uma. E por isso a maternidade e paternidades sadias são importantes para os seres humanos. E somente por isso é necessário entender esse quadro de relações, para não ficar como acusação contra as pessoas e trazer compreensão para a questão, que é muito mais comum do que se pensa.

As mães, portanto que carregam esses problemas narcísicos trarão sem saber, de forma inconsciente problemas para o sistema familiar, assim como também a falta da paternidade na fase necessária. A recuperação do instinto materno e da realização psicológica da maternidade é fundamental, assim como o amor paterno, para uma vigência sadia do sistema familiar . Em geral os sistemas familiares não são completamente sadios, porque a cultura ocidental, por exemplo, e patriarcal não são sadias e esse fluxo do amor que deveria ser natural no sistema familiar, em nossa civilização ocidental é narcísico, insuficiente e dissociado da natureza. E por isso nas terapias do sistema familiar atuais o amor em seu sentido maior e natural necessita ser resgatado no sistema . Mas há vários níveis desse problema. Atualmente há uma grande quantidade de terapias tentando resolver isso. A questão narcísica é uma questão da cultura e necessita ser muito trabalhada . O seio bom e o seio mal de Melanie Klein reconhece que o mito da mãe sempre boa é falso. E a mãe tóxica e narcisista, em vários graus, existe porque os sistemas familiares são afetados de formas diferentes e não porque isso seja normal ou natural. O que é natural é a existência do amor nos sistemas familiares, mas a cultura e a reprodução dessa cultura, através dos complexos familiares emperram os fluxos.

E daí que temos dentro de uma cultura cada vez mais individualista e narcisista a reprodução dessa toxicidade. Alguém que tenha tido uma mãe narcisista e tenha sido muito afetado por isso e não conseguiu estabelecer uma independência emocional dessa mãe, pode tornar-se um(a) narcisista perverso(a), que vai reproduzir em suas relações de diversas formas esta relação negativa que teve, de forma potencializada. E é aí que se chega aos quadros de psicopatias dos narcisistas perversos. Em uma família formada com narcisismo, em geral os filhos acham que não tiveram o amor que necessitavam porque ele foi dado ao outro irmão ou irmã, ou ao pai (e, de fato, ninguém teve). E essa compreensão perdura por muito tempo ou pela vida inteira, gerando ódios incompreensíveis entre os membros familiares e conflitos, além de uma forma vertical e de interesses individuais na relação familiar.

Uma família que está sempre na iminência de constelar a sombra contra algum membro familiar ou alguém próximo e que esteja vulnerável. De fato, quando alguém constela a sombra familiar é uma doença que está liderando a família. Uma família sadia não necessita de liderança. O narcisismo é como uma bola de neve, que é reproduzida de forma transgeracional e a cada reprodução piora. Está ficando cada vez mais comum nos sistemas em que vivemos, nessa civilização ocidental que está fazendo água, porque existe a reprodução familiar e cultural desse narcisismo. Não à toa e por acaso existem hoje tantos estudos e terapias tentando resolver essas questões.

Por outro lado, a questão da maternidade, assim como a paternidade deveria ser uma questão de escolha. Se alguém não sente vocação pela maternidade ou paternidade não deveria ser exigido por isso. Há uma pressão social e cultural muito grande sobre a mulher em relação à maternidade. A função materna, assim como a paterna, pode ser perfeitamente exercida psicologicamente, em outras relações e de forma criativa e espiritual, não necessariamente alguém tem que realizar biologicamente essa função. Como já vimos, o fato de alguém ser mãe biologicamente não significa que o seja psicologicamente. As injunções sociais sobre a mulher têm sido responsáveis por muitas maternidades dolorosas e não queridas. O que também gera dificuldades e problemas para a vida dessas mulheres e dos sistemas familiares por elas gerados. Essas questões são importantes para o debate atual.

Então, esta é uma questão fundamental para a cultura e para a vida das pessoas. Esses quadros de toxicidade na família só podem ser revertidos verdadeiramente com o amor. Atualmente com homens participando mais diretamente da criação dos filhos e inclusive substituindo muitas vezes as mães nessa tarefa, além dos casamentos homoafetivos, tem sido visto que a questão fundamental não é ser criado por pai ou mãe, mas por ser criado com amor. E é o resgate do amor em seu estado natural nas famílias dissociadas e na recuperação e resgate da inteireza de cada um e uma, que essa questão de mãe e pai tóxicos pode ser transcendida. Estamos sendo chamados insistentemente a esse resgate. Sem amor e inteireza não conseguiremos resolver as tarefas relevantes que temos para exercer nestes tempos.


Verônica Maria Mapurunga de Miranda -15.11.2021.
 

 

 

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