TRANSITANDO EM NOVOS PARADIGMAS

O NOVO FEMININO

       E 

         FEMINISMOS

 

AQUI É UM ESPAÇO PARA REUNIR COMENTÁRIOS E REFLEXÕES QUE VENHO FAZENDO NO MUNDO VIRTUAL SOBRE ESSA QUESTÃO QUE SE INSCREVE NOS NOVOS PARADIGMAS E QUE DIZEM RESPEITO ÀS PRINCIPAIS MUDANÇAS DESTE SÉCULO QUE JÁ FORAM INICIADAS. O QUESTIONAMENTO DA SOCIEDADE E CULTURA PATRIARCAIS, COM O SURGIMENTO DO NOVO FEMININO E DOS FEMINISMOS ATUANTES. SÃO ARTIGOS DE OUTRAS SEÇÕES DO SITE, BEM COMO DE COMENTÁRIOS E REFLEXÕES AQUI DESENVOLVIDOS SOBRE O TEMA. - VERONICA MARIA MAPURUNGA DE MIRANDA -16.06.2019 -    


PARA PENSAR O PATRIARCALISMO E VIOLENCIA DE GÊNERO

CLIQUE PARA VER MAIS ARQUIVOS

 

Podem me dar flores todos os dias. Eu mereço. Mas no dia internacional da mulher é dia de refletir sobre a situação da mulher e do feminino no mundo e de denunciar a violência e os abusos patriarcais.

Refletindo um pouco sobre as divergências existentes no debate de que a violência de gênero é um problema de homens e mulheres ou do sistema do patriarcado, eu fico com as duas posições. Vários pensadores, como Bauman, se foram dizendo que a transformação da sociedade não se resolveria mais de "fora para dentro", mas de "dentro para fora". Conversando há um tempo atrás com um intelectual que estuda as questões do sistema capitalista globalizado em que vivemos, falávamos do sistema que se virtualizou. A questão do patriarcado não pode se resolver de fora para dentro se não há uma quebra do sistema capitalista atual, já que o sistema capitalista absorveu e assimilou o patriarcado na sociedade industrial. Mas como estamos atualmente é necessário pelo menos duas coisas: uma, ter consciência que o sistema está em nós. Nós não somos somente seres individuais e estamos ficando cada vez mais coletivos e temos que enfrentar o coletivo a partir de dentro, com uma consciência desse coletivo, que é também individual e única. Não há forma de sair do sistema, sem enfrentar a nossa unicidade e a ligação disso com o todo. E segundo, não é possível chegar a esse coletivo se não fazemos o caminho “por dentro”.

Nesse sentido há duas questões em relação à violência, uma individual e outra coletiva e isso significa também que é ao mesmo tempo um problema do sistema patriarcal, mas também de gênero. Em relação ao primeiro, até mesmo as mulheres o reproduzem e são coniventes com a violência, até não despertarem. Mas essa violência do sistema é dirigida principalmente ao gênero feminino. Ainda que suas mazelas afetem os dois gêneros. O “despertar” do sistema patriarcal só é possível com o descondicionamento e conhecimento por dentro do sistema patriarcal. Daí que podemos ver uma prática feminista de passeatas, cartazes e que muitas vezes é incoerente no cotidiano, nas ações porque falta a compreensão e libertação das práticas patriarcais, quando se reconhece o sistema em si mesmo. De fato, carregamos em nós o sistema e por isso é importante o autoconhecimento.

Só podemos sair do sistema com o reconhecimento interno dele e pela compreensão de suas práticas históricas. E isso significa uma jornada interior e a busca desse despertar, principalmente pelas mulheres que são as mais afetadas. Temos visto através da psicologia junguiana o quanto a falta do feminino e a unilateralidade da vida moderna causam sérios problemas nas relações e na saúde de homens e mulheres. Alguém poderia dizer que o despertar e essa jornada interior são difíceis de se fazer, mas, de fato, não temos muitas opções atualmente. A unilateralidade do sistema, a falta do feminino nas práticas cotidianas, as violências e abusos permanentes do sistema patriarcal causam individualmente muitas neuroses, “normoses” e também psicopatias.

Nesse sentido as práticas de violência e abusos às mulheres, consentidas e estimuladas pelo sistema, transformam-se em um problema de saúde e até enfermidades mentais. Em geral quem pratica feminícídio são pessoas consideradas normais e “sadias”. Mas os psicopatas e narcisistas perversos, em geral, são pessoas consideradas normais. Não são psicóticos, são apenas amorais e insensíveis, e têm uma compulsividade para serem perversos - é a forma como sentem prazer e diminuem sua ansiedade e vazio - mas não é possível saber isso até não conhecê-los mais profundamente e em situações em que o outro está em fragilidade. Em geral os psicopatas se revelam depois do casamento, em situações em que a parceira está frágil ou em uma situação de submissão. Mas essa violência não é somente entre parceiros, ela pode ser também uma violência intrafamiliar, entre membros de uma família. E entre outros na relação de trabalho e até em perseguições às mulheres por motivos diversos, dentre eles tirar alguma vantagem econômica . Eles não costumam mostrar suas garras e abusos à vista de todos. Cometem seus abusos e violências em privado. São mascarados e procuram ter uma boa imagem e um discurso mentiroso.

Com certeza o sistema patriarcal precisa ser quebrado, mas ele não será completamente quebrado se não houver uma mudança de consciência coletiva e esse é um duplo trabalho: individual e coletivo. Temos que pensar que esse coletivo tem que ser sentido e pensado “desde dentro”, com outra educação, outra economia e outras formas de poder mais horizontais. As medidas protetivas às mulheres que sofrem violências e às outras são fundamentais para se entender que feminicídio e violências são crimes passíveis de penas e as mulheres têm direito à sua autonomia e à garantia de formas de sobrevivência, trabalho e saúde.

Ainda existem infelizmente homens e mulheres do sistema patriarcal, alguns com cabeças coloniais, achando que podem tratar os seres humanos de qualquer forma, como se fossem escravos ou servos, passando sobre seus direitos e integridade, considerando as relações de poder assimétricas. Mas isso tende a mudar e depende de nós, cada um e uma, não aceitarmos os padrões de violência desse sistema. As pessoas que sofrem violências necessitam de justiça e cuidado para se recomporem em sua integridade pessoal. Que eles se façam de todas as formas!
.
Verônica Maria Mapurunga de Miranda – 08. 03. 2020

 

 

VOLTAR PARA NOVO FEMININO E FEMINISMOS

Artesanias - de Verônica Miranda www.veronicammiranda.com.br

A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE SITIO NÃO ESTÁ PERMITIDA

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS


PRINCIPAL

CRONICONTO

GALERIA

PEPEGRILLO

MOMENTOS

MURAL

CULTURA