TRANSITANDO EM NOVOS PARADIGMAS

O NOVO FEMININO

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AQUI É UM ESPAÇO PARA REUNIR COMENTÁRIOS E REFLEXÕES QUE VENHO FAZENDO NO MUNDO VIRTUAL SOBRE ESSA QUESTÃO QUE SE INSCREVE NOS NOVOS PARADIGMAS E QUE DIZEM RESPEITO ÀS PRINCIPAIS MUDANÇAS DESTE SÉCULO QUE JÁ FORAM INICIADAS. O QUESTIONAMENTO DA SOCIEDADE E CULTURA PATRIARCAIS, COM O SURGIMENTO DO NOVO FEMININO E DOS FEMINISMOS ATUANTES. SÃO ARTIGOS DE OUTRAS SEÇÕES DO SITE, BEM COMO DE COMENTÁRIOS E REFLEXÕES AQUI DESENVOLVIDOS SOBRE O TEMA. - VERONICA MARIA MAPURUNGA DE MIRANDA -16.06.2019 -    


CUIDAR DA VIDA - O SUICÍDIO EM UMA ABORDAGEM SISTÊMICA

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"Nesse sentido é importante assinalar a necessidade do feminino, do acolhimento e de respeito aos direitos e pertencimentos de todos. Sem o feminino e onde vigora um animus negativo como herança psíquica é necessária transformação de seus membros.
É importante desse ponto de vista cuidar da vida, aprender a cuidar do outro, cuidar das próprias sombras e de suas responsabilidades dentro dos sistemas em que vivemos."


Eu gostaria de retomar neste último dia de setembro amarelo uma perspectiva mais sistêmica da questão do suicídio. E saber que há tempos já é verificado o suicídio cultural. Que é o suicídio, por exemplo, dos indígenas, ao ser desterrados de seus lugares sagrados e da perda da identidade. Hoje as estatísticas mostram que há suicídios de jovens e idosos de forma massiva ou em uma porcentagem cada vez mais crescente. Importante observar que são duas categorias sociais que por vários fatores são colocados à margem dos setores produtivos, e de trabalho, como de categorias em que os problemas relativos aos objetivos e significados da vida e seus questionamentos são mais fortes. A perda de valores na sociedade líquida estudada por Bauman dá conta de parte deles. Outras questões são os problemas familiares, que como sistemas carregam heranças psíquicas, e sistemas parciais autônomos, como estudados por Jung e os sistemas morfogenêticos, estudados pelas constelações familiares, a partir dos estudos e pesquisas de Rupert Sheldrake (Os sistemas mórficos).

Todos esses estudos mostram como o que ocorre nos sistemas estão muito mais relacionados do que pensávamos com ações que até pouco tempo pareciam individuais, mas que de fato dizem respeito a um todo.Um sistema familiar, querendo ou não, diz respeito a todos do sistema, mesmo que isso seja inconsciente. E quanto mais inconsciente as pessoas forem disso, mais poderá ter conseqüências pessoais ou à toda a família, nos seus emaranhados. O mais importante disso é saber que tudo que se fez em gerações tem repercussão no momento presente e aquilo que não for resolvido aqui e agora passará para as futuras gerações.

Segundo um mestre espiritual que respeito muito, quando você sabe de uma coisa, viu e sabe que está errado e faz de conta que não sabe, isso tem um preço. Não se pode assinar embaixo de maldades que alguém faça com um membro familiar e fazer de conta que não está participando, ao mesmo tempo que está sendo conivente, para tirar suas próprias vantagens da situação. As coisas não funcionam assim. Daí a importância de buscar entender as constelações familiares e o papel que cada um exerce nesse contexto. Daí também se buscar entender que uma família disfuncional, em que alguém exerce e usurpa funções que não são suas e usa suas psicopatias para atingir outros membros causa um emaranhado no sistema familiar que pode se estender por várias gerações, inclusive seus próprios filhos e netos.

Hoje, no último dia do setembro amarelo podemos refletir como esses sistemas disfuncionais podem destruir a vida de pessoas, podem jogar sua carga sombria consciente ou inconsciente sobre um membro que não consegue suportar e pode se suicidar, ou como dizem os espíritas ter um suicídio lento. Porque os que se drogam, os que são alcóolatras, os que têm vícios, adoecem cronicamente e dependem de remédios para poderem viver são também suicidas em potencial. Ou seja, muitas vezes há uma família inteira depressiva, provavelmente por heranças psíquicas e outras disfuncionalidades e essa depressão familiar não tratada recairá sobre um membro mais sensível da família. E tem acontecido suicídios nesses casos, principalmente em jovens. Como exemplo vi em um jornal, que um jovem filho de pais muito religiosos se suicidou e deixou um bilhete para os pais: Desculpem por eu não ter conseguido ser tão bom e religioso como vocês. Essa simples frase mostra como a religiosidade dos pais e talvez exigências nesse sentido afetou a vida do jovem. E mesmo que não tenha sido a única causa do suicídio pode ter sido um fator importante para o ato. Outro caso, de um homem acusado pelos familiares de ter uma amante e que foi completamente alijado da família. E no dia do casamento da própria filha ela não quis entrar com o pai na Igreja e nem foi convidado á cerimônia, causando uma exclusão em uma pessoa que já estava alijado da família e era depressivo. Ele não suportou isso e se suicidou. Podemos dizer que o sistema familiar teve responsabilidade nesse caso, pela exclusão da família e de seu papel de pai.

Essas questões nos mostram que o suicídio não pode mais ser visto simplesmente como uma questão individual e cheia de preconceitos e tabus contra quem o pratica, mas também como resultado dos sistemas a que pertence o indivíduo que se suicida. De fato, todos somos responsáveis em cada sistema por alguém que tira a vida. Não querer viver é um ato extremo de desespero, mas ele já não é mais somente o resultado de doença mental, como em geral se cogitava. Agora sabemos que a questão é mais complexa e o número massivo de pessoas que se suicidam e se colocarmos os que se drogam, os alcoólatras e por aí vai, teremos uma grande quantidade de pessoas atingidas. E quanto mais uma família é disfuncional, emaranhada, mais haverá essa possibilidade, porque sempre há alguém a pagar pelos problemas sistêmicos da família. E aquilo que não ocorre no presente ocorrerá depois na descendência. Agora, à medida em que alguém tome consciência desses problemas no sistema, os questione em si e na família, necessariamente ela vai ter que mudar ou sofrer solavancos. E em geral, essa mudança iniciará sempre por quem está sofrendo a carga familiar. Porque a família disfuncional, que comete falhas contra o próprio sistema tem um retorno. No final todos pagam pelas falhas, nem que sejam os descendentes.

E por isso é importante entender que tentar excluir alguém da família, deixar à margem para resolver os interesses de alguns membros em detrimentos de outro, fazer de conta que não está acontecendo nada enquanto uma pessoa está sofrendo a carga familiar, tentar subjugar as pessoas, manipular, maltratar, projetando suas sombras sobre alguém, não resolverá o problema de todos. A morte de alguém na família como conseqüência da disfuncionalidade deixará todo o sistema culpado e sobre ele recairão as conseqüências.

Outras questões importantes desse tema é como não somente a cultura do narcisismo estudada por Lasch, mas os problemas relativos ao narcisismo na perspectiva de Winicott, dentro da família, trazem elementos importantes para se entender a sua disfuncionalidade por uma via de psicopatias, que são casos mais graves . Pais ou membros narcisistas, ou narcisistas perversos dão uma dinâmica destrutiva à própria família, assim como a constituição familiar dentro de uma ordem patriarcal e às vezes colonialista, com princípios e valores trazidos de heranças psíquicas em núcleos coloniais, por exemplo, segundo Jung e junguianos, dificultam uma relação mais horizontal de familiares. Nesse sentido é importante assinalar a necessidade do feminino, do acolhimento e de respeito aos direitos e pertencimentos de todos. Sem o feminino e onde vigora um animus negativo como herança psíquica é necessária transformação de seus membros.

É importante desse ponto de vista cuidar da vida, aprender a cuidar do outro, cuidar das próprias sombras e de suas responsabilidades dentro dos sistemas em que vivemos. Achar que a melhor via é o salve-se quem puder pode nos trazer conseqüências inesperadas. Ter consciência dessa necessidade é perceber como estamos cada vez mais interdependentes enquanto humanidade. É necessário considerar o outro. Só poderemos viver bem a vida com o próximo. Que a consciência dos problemas relacionados ao suicídio vigorem o ano inteiro. Essa não é uma questão somente de quem se suicidou ou pensa em se suicidar, mas de todos.


Verônica Maria Mapurunga de Miranda – 30. 09. 2019


 

 

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