TRANSITANDO EM NOVOS PARADIGMAS

O NOVO FEMININO

       E 

         FEMINISMOS

 

AQUI É UM ESPAÇO PARA REUNIR COMENTÁRIOS E REFLEXÕES QUE VENHO FAZENDO NO MUNDO VIRTUAL SOBRE ESSA QUESTÃO QUE SE INSCREVE NOS NOVOS PARADIGMAS E QUE DIZEM RESPEITO ÀS PRINCIPAIS MUDANÇAS DESTE SÉCULO QUE JÁ FORAM INICIADAS. O QUESTIONAMENTO DA SOCIEDADE E CULTURA PATRIARCAIS, COM O SURGIMENTO DO NOVO FEMININO E DOS FEMINISMOS ATUANTES. SÃO ARTIGOS DE OUTRAS SEÇÕES DO SITE, BEM COMO DE COMENTÁRIOS E REFLEXÕES AQUI DESENVOLVIDOS SOBRE O TEMA. - VERONICA MARIA MAPURUNGA DE MIRANDA -16.06.2019 -    


HORIZONTALIDADE E  PODER

CLIQUE PARA VER MAIS ARQUIVOS

 

Há algum tempo os arautos da "Era de Aquários" anunciam mudanças fundamentais e radicais nas estruturas de poder verticais, na importância e participação do feminino nessas estruturas, que teriam maior horizontalidade. Falam mesmo de "colapso das organizações verticais". Apesar dos anúncios vivemos paradoxalmente essa verticalidade elevada à máxima potência, talvez como o canto do cisne do patriarcalismo, da sociedade industrial e por que não das síndromes coloniais e arcaicas não resolvidas e que se expressam nos coronelismos, nos racismos, nos machismos, nas estruturas políticas e religiosas e até de um certo fascismo redivivo. Além do poder individual que portamos, as instituições sob seu reflexo tiveram uma constituição político-econômica e sócio-histórica que consolidaram esse poder vertical. Parece que chegamos ao fundo dessas questões, que suscitam, por outro lado, todo um movimento contrário de um novo feminino que emerge, de novos paradigmas como a "hierarquia entrelaçada" ensaiando outro tipo de poder, ou outras formas de economia aprendidas com o "bem viver" dos povos originários, que porta uma cosmovisão diferente de sociedade e cultura, mais horizontais em todos os sentidos. A economia, sustentada nos princípios de solidariedade e reciprocidade, responsabilidade, integralidade, em que o objetivo é construir um sistema econômico sobre bases comunitárias. O sentido de pertença à natureza e de comunidade mudam os princípios de poder quando eles dizem: Quem manda (ou quem é o chefe, o presidente, o governador) não tem poder. O poder é da comunidade.

 Enquanto isso não ocorre vivemos as ondas de "empoderamento" das minorias do sistema, assim consideradas. Questionável como parte do sistema que já começou a agonizar mas sempre se recupera deixando o ônus para a maioria dos indivíduos, vivemos  um poder ainda externo, que é o oposto do amor.  Acho que este é um dos temas mais candentes e mais delicados, ao mesmo tempo, deste século XXl. E por isso é importante o seu debate. Tem que ser feito sempre sob várias perspectivas. Uma das questões que eu percebo é que as pessoas contrapõem amor ao poder, mas o amor é um poder muito maior que o poder egóico, que é o vigente. Nós estamos nos encaminhando para sistemas de vida mais coletivos e nos dando conta de nossa interdependência, mas não é possível realmente horizontalidade sem amor e sem o autoconhecimento e/ou individuação. Essa noção antes de chegar à cultura tem que ser constituída por muitos a partir de dentro. Vários pensadores neste século morreram afirmando isso: As verdadeiras mudanças "só podem vir de dentro". É necessário essa horizontalidade e essa conquista de outro tipo de poder a partir de dentro. Sair do eu menor para o eu maior e acolher tudo aquilo que se é, além das dependências e imperativos do ego.

E isso é um poder grande, mas diferente, porque é um poder sobre si mesmo. Dentro das mudanças do sistema capitalista, patriarcal e tantas outras que estão sendo assinaladas houve a importação dessa palavra "empoderamento", que mesmo que seja transitória pode levar a enganos. Por exemplo: Para a mulher se "empoderar" é chegar a um parâmetro de poder, que é o masculino na sociedade e cultura patriarcal. Para os indígenas e negros se "empoderarem", nesses parâmetros, pode ser se comportar e ser aceito como supostos brancos. São só exemplos, porque acho que esse debate está sendo realizado também dentro dos movimentos sociais e culturais. Se a gente pensar de como a diversidade étnica, cultural são importantes e de como o feminino é necessário para a sociedade patriarcal e sua transformação, esse “empoderar” tem que significar outra coisa que incorpore na sociedade e cultura outros valores.

Amar é acolher o outro e aquilo que é parte nossa na cultura e não é reconhecida. Amar é incluir e sentir como o outro. Não pode ser uma guerra, senão fica a história de quem "coloniza" quem. Isso é mais fácil quando ocorre internamente, quando podemos acolher tudo o que somos. Por outro lado o movimento coletivo e massivo, de mudanças de paradigmas, são assim mesmo, emergentes e com força, porque tem objetivos, inclusive além do que nós conhecemos, de quebrar estruturas pesadas e enrijecidas. O importante é que esses movimentos não sejam apenas coletivos, mas também individuais e que o significado de “empoderamento” possa ser refletido e possa ganhar outra acepção, mais de acordo com a horizontalidade que se requer para estes e os tempos vindouros. A meta mais importante em todos esses movimentos é mesmo o amor. Ele é o único poder capaz de boa convivência, compreensão e transformação permanentes. Mas isso requer transformação interior e da cultura, inteireza e boa vontade de trilhar outros caminhos.

Verônica Maria Mapurunga de Miranda. 21/08/2019
 

 

VOLTAR PARA NOVO FEMININO E FEMINISMOS

Artesanias - de Verônica Miranda www.veronicammiranda.com.br

A REPRODUÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE SITIO NÃO ESTÁ PERMITIDA

TODOS OS DIREITOS RESERVADOS


PRINCIPAL

CRONICONTO

GALERIA

PEPEGRILLO

MOMENTOS

MURAL

CULTURA