TRANSITANDO EM NOVOS PARADIGMAS

O NOVO FEMININO

       E 

         FEMINISMOS

 

AQUI É UM ESPAÇO PARA REUNIR COMENTÁRIOS E REFLEXÕES QUE VENHO FAZENDO NO MUNDO VIRTUAL SOBRE ESSA QUESTÃO QUE SE INSCREVE NOS NOVOS PARADIGMAS E QUE DIZEM RESPEITO ÀS PRINCIPAIS MUDANÇAS DESTE SÉCULO QUE JÁ FORAM INICIADAS. O QUESTIONAMENTO DA SOCIEDADE E CULTURA PATRIARCAIS, COM O SURGIMENTO DO NOVO FEMININO E DOS FEMINISMOS ATUANTES. SÃO ARTIGOS DE OUTRAS SEÇÕES DO SITE, BEM COMO DE COMENTÁRIOS E REFLEXÕES AQUI DESENVOLVIDOS SOBRE O TEMA. - VERONICA MARIA MAPURUNGA DE MIRANDA -16.06.2019 -    


 “VENCEMOS NA VIDA” OU VENCEMOS A NÓS MESMOS? A HORIZONTALIDADE COMEÇA DENTRO DE NÓS.

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Em geral a idéia do vencedor na vida vem junto com as máscaras sociais e culturais. De que a pessoa tem que ter (atualmente) dinheiro, títulos, ser famos@, aparentar algo que agrade a todos, para que digam que você venceu na vida. E isso não tira o vazio de alguém que necessita de aprovação permanente. Alguém que necessita de tudo isso tem um vazio para preencher, que não se deu conta. É um enunciado também do patriarcalismo, que em todo o seu desenvolvimento foi criando relações verticais e se fez sócio das sociedades industriais, capitalistas e modernas. Toda essa questão não pode abstrair-se, também, do fato de que as relações na sociedade capitalista são assimétricas, de um poder assimétrico, em sua constituição de classes que é histórica. Então, "vencer na vida", da forma geralmente postulada, mesmo que seja em uma perspectiva somente material, significa uma correspondência com essa ordem social, que necessita ser questionada a fundo, inclusive pela idéia horizontal que carrega o novo feminino.

E por isso em geral a pessoa considerada vencedora é a que segue "mitos" sociais e midiáticos de quem começou a vender sanduíche e se transformou em proprietário de redes de muitas lanchonetes, por exemplo. Quem sabe um pouco de economia sabe que ninguém chega a esse patamar de riqueza material na sociedade e sistema capitalista em que vivemos, se não tiver um bom patrimônio para explorar e fazer investimentos, se não contar com benefício políticos particulares e/ou não passar por muitos cambalachos, para se tornar rico a partir de nada. A educação, ainda que seja importante para alguém sair de uma situação de pobreza marginal na sociedade não é suficiente (e isso todos sabemos, há muita gente educada, capacitada, sem emprego e condições de sobrevivência atualmente) para ficar rica nos moldes do sistema capitalista.

Mas essa idéia da riqueza a partir do nada e do simples esforço pessoal é vendida e sempre tem a ver com um projeto de sobrevivência a qualquer custo. Em grande parte a educação voltada para o mercado e não para a integridade do ser humano é responsável por isso. Uma educação que anda paripassu com a ideologia do sistema. Alguém com amor verdadeiro e que se autoconheça desde cedo, que seja minimamente integrada não necessita se colocar como um vencedor(a) para a sociedade e cultura. Alguém com amor, que se ame verdadeiramente, já é um vencedor(a) porque vai buscar cada vez mais sua auto-realização, mas uma auto-realização que não precise "excluir" as pessoas e nem tirar proveito e explorá-las para sua finalidade de se dar bem e ser um vencedor do sistema.

Infelizmente o sistema capitalista leva a isto, por ser um sistema concentrador de riquezas e que deixa muitas pessoas na miséria, sem ter como sobreviver. Quem estudou como funciona o sistema sabe que a cada crise dele, ele se refaz com um poder maior de concentração da riqueza para poder subsistir. Além disso, ele já internalizou nas pessoas que alguém é vencedor se tem dinheiro, fama, poder político e que faz cambalachos de todo tipo para sobreviver e exercer um poder vertical. Ele estimula as pessoas a internalizar e fazer o seu mesmo movimento: Concentrar tudo para si e salve-se quem puder. Mas essa ideologia do sistema não tomaria as pessoas de uma forma tão automática se elas se auto conhecessem e se amassem e conseguissem quebrar os padrões do individualismo, do egoísmo, da separatividade, que são padrões egóicos reforçados pelo sistema. No sistema capitalista vigora a competição. Para enriquecer você tem que explorar e competir com os demais. E até para sobreviver, atualmente, em alguns lugares e formações sociais é necessário isso. Então é um padrão individualista, competitivo, que exclui o outro desde o ponto de vista da sobrevivência.

Esse mesmo sistema se reproduz na família, que é a célula da sociedade, no sentido da formação, de educação e de colocar pessoas saudáveis ou doentes para o mundo. O mesmo movimento de concentração e exclusão existe nas famílias, principalmente aquelas que não têm vínculos verdadeiros de afeto e padecem de disfunções e neuroses profundas. A família nesse estado absorve aquilo que é dominante no sistema e cultura, não tem auto-proteção.

Uma das questões que sustenta e é autosustentada por esse sistema é o narcisismo na cultura. Sem autoconhecimento e sem a compreensão profunda da cultura os movimentos políticos que gestionam as formas básicas de economia, sobrevivência e convivência, ou seja as relações, estarão contaminadas por uma ideologia que alimenta o sistema e se retroalimenta.

A horizontalidade começa pelo conhecimento e respeito de tudo o que somos e da convivência de nossas próprias diferenças. E para isso é necessário nos conhecer e ter um sentido para nossas próprias vidas. Quem adquire isso não tem necessidade de impor padrões para os outros, mas também não aceita negociar sua integridade e nem aceita imposições. A horizontalidade é algo que vai e volta em uma relação de reciprocidade. Como a cultura, a família, a economia e a política ainda padecem de verticalidade, em um sistema patriarcal, todos esses enunciados parecem estranhos e o natural pode parecer que é explorar alguém, dominar alguém, exigir e impor coisas a alguém. Mas isso não é natural. Natural é amar e isso transforma essa idéia de subjugação, de competição e de egoísmo. Só podemos conquistar outra política, outra forma de melhorar a sociedade a partir dessa consciência, de que precisamos mudar, nos conquistando e vencendo a nós mesmos, em nossa inteireza e conseqüente amor. Isso é uma dimensão profundamente feminina que faz falta na sociedade e cultura patriarcais. É necessário criar e resgatar almas. Precisamos sair de eu e tu simplesmente e adotar o nós.

Verônica Maria Mapurunga de Miranda - 28.07.2019
 


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