TRANSITANDO EM NOVOS PARADIGMAS

 A NOVA CONSCIÊNCIA, A ESPIRITUALIDADE E O SAGRADO

AQUI É UM ESPAÇO PARA REUNIR COMENTÁRIOS E REFLEXÕES QUE VENHO FAZENDO NO MUNDO VIRTUAL SOBRE ESSA QUESTÃO DA NOVA CONSCIÊNCIA E DO SAGRADO, QUE RETORNA COMO UM NOVO PARADIGMA, EM OUTRO CONCEITO DE ESPIRITUALIDADE E QUE DIZ RESPEITO ÀS PRINCIPAIS MUDANÇAS DESTE SÉCULO, QUE JÁ FORAM INICIADAS. A NOVA CONSCIÊNCIA, A ESPIRITUALIDADE E O SAGRADO SERÃO TRATADOS EM ARTIGOS DE OUTRAS SEÇÕES DO SITE, BEM COMO EM\ COMENTÁRIOS E REFLEXÕES AQUI DESENVOLVIDOS SOBRE O TEMA. - VERONICA MARIA MAPURUNGA DE MIRANDA -18.08.2019 -    


De Judas a Atawallpa: O Tema da Traição

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 O tema da traição é um tema recorrente em nossa civilização, que sempre nos faz remexer em nossos substratos culturais à busca de Judas, o grande traidor, já comparado ao ego em relação à divindade. Judas permeia os processos individuais e coletivos. Mas há também, considerando parte dos nossos substratos culturais o complexo de Atawallpa que nos conclama a entender as contradições da colonização da América, que nem sempre foi de resistência, mas também de traição e entrega.  Conflitos externos são também conflitos internos, que estão sempre nos conclamando à integração interna e harmonia. Mas, além disso, há o fato de sermos miscigenados (nem adianta não querer ser, é fato) e de portarmos também essas divisões, que podem tornar-se pontes. Recorro a alguns textos que fiz sobre isso e que estão em várias seções de meu Portal Artesanias e páginas do facebook.  No caso e depois de ler os textos ainda poderíamos perguntar: Seu coração é de Judas ou de Atawallpa?

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Atawallpa

Fiquei muito surpresa ao ver na história de Peru a traição de Atawallpa ao seu irmão wáskar e ao Império Inca, do qual fazia parte.  Foi uma espécie de Judas, que traiu seu povo, se aliando aos colonizadores e abrindo-lhes os segredos do Império.

Quando estive em Peru, conversando com um antropólogo que trabalhava com os povos originários e falávamos sobre as dificuldades de articulação dos povos indígenas em relação ao Estado e à cultura (branca) colonizadora dominante, relembramos que cada povo tinha sua cosmovisão e isso havia facilitado muito a colonização dos europeus, assim como dificultava a articulação política atual. Peguei-me imaginando em quantos acordos de guerras tiveram que fazer os indígenas que habitavam a minha região em que nasci e onde tenho minha ancestralidade. Era uma região fronteiriça com a capitania do Maranhão, tomada pelos franceses. E daí percebemos que os indígenas escravizados ou  que pactuavam com os dois lados beligerantes e participavam das guerras, que não eram deles, permanentemente traíam e eram traídos.

 Era uma zona de guerra, em que morreram jesuítas e culparam os indígenas. De fato, estavam dentro de uma situação extrema, em que não faltaram prêmios para aqueles que cooperaram com as guerras coloniais. Terras doadas a algumas tribos e clãs, até títulos honoríficos dados pelo rei de Portugal, a própria Serra da Ibiapaba, que D. Pedro I dizia que era dos Tabajaras e que foi tudo um engodo. Às vezes, como em um sonho lúcido imagino as situações extremas em que viveram até serem dizimados e reduzidos a algo que não era e nem queria mais ser indígena. Não conseguimos saber tudo o que viveram e sentiram. E muito menos saber a compreensão que tinham do que era o colonizador, até serem escravizados e mortos, ou diluídos em famílias como inimigos de sangue. Em minha região não tiveram, aparentemente, a liberdade de poder querer continuar a ser indígenas. Somente neste século alguns poucos remanescentes, que se ocultavam, voltaram à algumas práticas e tradições indígenas.

Outro dia vi em um artigo desse antropólogo peruano, a preocupação em compreender a traição de Atawallpa . Parece que gostaria de saber o que havia além dos fatos que a história oficial e não oficial relata. Como saber tudo o que se passara? Mas na história ficamos sabendo das contradições de poder do próprio Império Inca. Atawallpa era o filho, expulso para terras longínquas do Império, terras do norte, em que vários povos foram submetidos ao Império Inca. Em Cuzco, no centro do Império outro irmão, de uma esposa favorita, dirigia o Império. Essas questões de clãs familiares, que nos remetem aos casos de divisões e guerras familiares parecidas com as da Bíblia. De fato, apesar das diferenças culturais somos uma mesma humanidade, em que as questões de poder estão postas e com elas a dominação dos povos e as traições.

 Conta a História que Atawallpa teria se aliado aos colonizadores para enfrentar o próprio irmão e tomar o Império Inca. Mas ao entregar os segredos e caminhos do Império para os colonizadores foi traído também por eles. E foi escravizado e assassinado. Não poderíamos dizer que os colonizadores não teriam conseguido dominar o Império Inca, mas foi mais fácil com a traição de Atawallpa.

Fico pensando em todos os heróis indígenas, de guerras, condecorados através de nossa história. Quanta traição fizeram  aos seus próprios povos e quanto de poder foi utilizado em todos esses processos de dominação dos povos, que alguém chamou de processo civilizatório. De fato, não somos tão diferentes, somente estávamos todos em situações distintas, em que alguns tinham condições de colonizar (e vinham das prisões, com o pior currículo de criminosos e malfeitores) e outros apesar de serem muitos e terem outras cosmovisões não tinham o poder bélico dos colonizadores.

Hoje, somos filhos de todas essas guerras e traições, mesmo tendo as possibilidades de ter paz, mas a guerra colonial, de dominação continua de outras formas. E o nosso desafio é sair desse panorama. SOMOS MISCIGENADOS. É uma questão de alma, ainda que alguém de um lado ou outro, queira ser puro sangue, pura cultura, pura humanidade. E trazemos todos os conflitos de poder que isso encerra.  A qualidade dessa condição é que é outro problema. E as guerras internas continuam e são os piores problemas e motores de nossa realidade atual, aquilo que nos traz conflitos e impulsiona a buscar por poder. Enquanto estivermos buscando somente poder estaremos também na traição. Isso ocorria na história cristã com Judas, mas também com a História do Império Inca e nossas colonizações. Alguém pode dizer : Não subo em um palco com uma mulher branca(ou negra, ou indígena), mas quando buscamos vemos que subiu no palco da vida com várias mulheres brancas(ou negra ou indígena) e teve filhos com elas e aprendeu a sobreviver e viver com elas. E ainda diz: O capitalismo é o culpado de tudo, mas está de cócoras com ele para conseguir mais poder e competir com seus próprios irmãos.

 As questões de afirmação pessoais, culturais acabam em questão de poder. E enquanto não sairmos da esfera do poder e da esfera do ego (e todos que vivem e convivem com esta civilização o possuem) não sairemos do conflito. Temos que acabar com os Judas e Atawallpa  de nossas histórias e realizar o presente, além da órbita do Ego e do Poder, encontrando nossa harmonia interior para poder ser tudo o que somos. Enquanto isso não ocorrer a traição de Judas ou Atawallpa continuará a ser encenada no palco da vida. Verônica Maria Mapurunga de Miranda- 10.10.2023

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DINHEIRO DE JUDAS, DINHEIRO MALDITO.

Movida pelo clima de  semana santa, considerando os substratos culturais que nos movem e aquilo que é mais atual, apesar de ter mais de 2000 anos, a consciência cristica, me vieram algumas memórias.

Quando era criança encenávamos a paixão de cristo em nossas brincadeiras e em uma delas meu pai contava depois rindo. Dois primos estavam brigados e um deles era Jesus Cristo e  o outro o soldado que o prendeu, que acompanhava Judas. Este chegou e beijou Cristo, o beijo da traição, para que o soldado o reconhecesse. O soldado (meu primo representando) disse: É você o mestre Jesus? E ele respondeu: sim. Meu primo que estava com raiva do outro aproveitou a deixa e disse: Pois esteja preso, seu merda! Meu pai ria muito dessa história.

De fato, existe muito cristão e não cristão aproveitando a deixa de Judas e seguindo os seus princípios egóicos: de poder, de dinheiro, de individualismo. Judas que vendeu Jesus por 30 dinheiros não sabia que aquele dinheiro era amaldiçoado, MALDITO. E sua própria consciência o levou ao suicídio enquanto Jesus morria na cruz. Enigma resolvido: Não se mata aquilo que é divino, sem morrer junto. Aquilo que vem do ego tem que dar passagem àquilo que é espiritual-uma consciência maior.

Depois de dois mil anos em que o pensamento crístico foi dominante no seio das religiões ocidentais e algumas orientais pergunta-se onde ficou Judas? Na malhação do Judas e em consciências perdidas, que não conseguiram fazer a passagem e perseguem pessoas, traindo sua própria consciência e se vendendo por qualquer propina, por dinheiro e poder. Esquecem contudo o preço disso, que não é  monetário e que como Judas, às vezes, é a própria vida.

Está provado que ser Judas não é  uma boa idéia e se as pessoas continuam atuando como tal deve ser por atraso (espiritual, tecnológico e até cultural rss...). A ignorância do ego é prepotente, impiedosa, desconhece as leis espirituais que estão sobre nossas cabeças, não  tem coração  e não sabe que dinheiro de propina de quem vende os verdadeiros valores, para perseguir os outros é maldito.

Termino perguntando algo que é  importante para cristãos daqui para frente: Seu coração é de Jesus ou de Judas?

Veronica Maria Mapurunga de Miranda. 11.04.2023

P.s: Podemos fugir da verdade, mas não podemos fugir de nossa consciência. Ela nos trará toda a verdade necessária.(veja esse texto também em minha pagina do facebook veronica mapurunga miranda

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Ninamos aquilo que consideramos boas idéias, exalamos nosso perfume, lançamos nossas sementes, e também colhemos os frutos possíveis enquanto nos transformamos e passamos essa temporada de aprendizagem aqui na terra. Outro dia ouvi alguém falar das coisas que digo e escrevo e muitas vezes palavras inspiradas, como " seu palavreado".

Imediatamente veio à minha mente a famosa frase: Não jogue pérolas aos porcos. Mas refletindo um pouco mais pensei que não transformamos ninguém.

  Cada pessoa se transforma se quiser e das bandejas de frutos que a vida oferece (lembrando Gilberto Gil) escolhemos aquilo que mais nos apetece e nos serve. Se temos disposição e aprendemos a aprender ficaremos atentos às belezas e verdades que existem em todos os cantos da vida. E podemos comer dos melhores frutos da vida e sorvermos os melhores perfumes.Caso contrário, consideraremos tudo o que não for útil e gerar riqueza material como "palavreado" ou inutilidade. Como diz o poeta português Fernando Pessoa: Tudo vale à pena se a alma não é pequena.

Por último., e não de menor importância,  lembremos que Jesus Cristo, considerado a mais alta consciência ocidental, não conseguiu o milagre da transformação de Judas, um de seus mais diletos discípulos.  E por isso a gente entende que apesar do caminhar da humanidade, em mais de 2000 anos depois de Cristo, ainda existem muitos Judas por aí.

Em tempo: Como tudo na vida ser judas tem um preço ( que não é monetário) e segundo o exemplo do primeiro judas é um preço alto. Tentar impedir o propósito de  vida de alguém também tem alto preço.

Veronica Maria Mapurunga de Miranda-19.01.2023
 

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SEGREDOS QUE FEREM. RELEMBRANDO JUDAS E  O ARQUÉTIPO DA VERDADE

É época de Judas (Semana Santa Católica). Judas carregava um segredo, que não suportava, porque pensava de forma diferente de Cristo. De fato, sempre pensou. Ele era de uma seita que acreditava que tinham que dominar a terra e serem os reis. Jesus trabalhava com o poder divino e não de dominação. Judas queria dinheiro e poder. E vendeu os segredos de Cristo, da irmandade dos apóstolos, para os sacerdotes, contrários às idéias de Cristo e que tinham o poder temporal e religioso. Vendeu o segredo por 30 moedas de prata. Segundo o que contam versões espíritas, Judas pensava que Jesus fosse apenas ser preso e que não seria crucificado. Enquanto isso, o Judas lideraria uma revolução para tomar o poder e depois libertaria Cristo. Mas não sabia que aquela traição lhe causaria muito sofrimento. O Certo é que ele errou e as conseqüências do seu ato de traição causaram muito sofrimento e até a morte de Cristo.

Quando Judas viu o que estava causando a Cristo se arrependeu terrivelmente e foi devolver as 30 moedas de prata aos sacerdotes, mas eles não aceitaram mais nada e Cristo foi crucificado. Judas, então, tomado de grande arrependimento e peso na consciência acabou se suicidando. Morreu enforcado, ao mesmo tempo que Jesus morria na Cruz.

Esse fato que se repete todos os anos deveria servir para mostrar que determinados “segredos” que pessoas guardam e ações ocultas que prejudicam alguém são como uma bomba. Eles podem ferir alguém, mas ao serem revelados prejudicam a todos, inclusive a quem os carrega. Judas era um falso. Primeiro, mentiu para Jesus, que o amava e o tinha como um discípulo dileto. Mentiu para a irmandade dos apóstolos. E depois com um “segredo” em mãos, o vendeu, colocando Jesus e todos os outros em risco. Todos aqueles que carregavam o segredo da irmandade de Cristo, estavam com uma bomba nas mãos. E além dos segredos ele contou muitas mentiras, para ganhar dinheiro, que o próprio Jesus não teve como desmentir, porque não foi consultado para saber a verdade.

Isso acontece muito com amigos, parentes, irmãos, maridos, esposas, companheiros, colegas e profissionais antiéticos, que todo tempo traem as pessoas, falando calúnias, atuando contra alguém que é próximo, às escondidas, colocando sua vida em risco, acreditando em mentiras sem lhe dar o benefício da dúvida. Às vezes, até um impostor ou impostora, que tomam o lugar de outros e passam a colher informações e a contar mentiras para prejudicar alguém e ser recompensado em dinheiro.

Judas todos os anos nos convida a perceber que quando traímos a missão de alguém, quando usamos “segredos”, que muitas vezes são mentiras, para prejudicar alguém, podemos pagar pelos sofrimentos que causamos. O ego e suas ações, que só querem saber de poder e dinheiro provocam sofrimentos nas pessoas, mas quem os provoca também sofre e paga. Os traidores, que não têm transparência e que não acham importante o arquétipo da verdade, traem a si mesmos. A malhação do Judas todo ano relembra isso.

Verônica Maria Mapurunga de Miranda – 14.03.2021

Já no final da tarde me veio um complemento à guisa de conclusão: Passaram-se mais de 2000 anos no calendário crístico e o assunto agora é não esperar mais que Cristo nos salve. Já soube que ele está em outras tarefas (rss...) Agora, nós mesmos temos que nos reconhecer como nossos próprios salvadores pela consciência crística que está em nós e só assim nos livramos definitivamente de Judas. Já fazem mais de 500 anos da traição de Atawallpa e mesmo com todos os processos de colonizações e neocolonizações em que os povos originários continuaram padecendo perseguições e tutelas, já não somos os mesmos e já sabemos muito de todas as situações da sociedade, do sistema, das relações interétnicas, das miscigenações, das dores e maravilhas de ser essa complexidade que somos. E já podemos ser mais responsáveis por nossas ações políticas, cidadãs e coletivas. Com menos inflação do ego, narcisismo e individualismo, porque isso ajuda o Império sempre que ele contra-ataca. Não temos mais o direito de ser Judas ou Atawallpa. O tempo de sê-los já se esgotou.

Verônica Maria Mapurunga de Miranda-10.10.2023

 


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