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Independência e Vida!

 

Já podeis da pátria filho

Ver contente a mãe gentil

Já raiou a liberdade

No horizonte do Brasil!

Hino feito para uma independência almejada, tal qual o quadro simbólico de Pedro Américo onde ele desejou e pintou um feito heróico e apoteótico -o grito da independência- que nunca existiu. Nunca tivemos uma guerra de independência, e sem querer fazer apologia das guerras, lembremo-nos que tivemos por toda nossa história movimentos com mortes e sacrifícios de brasileiros que lutaram por essa idéia de  libertação e independência.

Mesmo assim, os grilhões que nos forjavam da perfídia astuto ardil, como diz nosso hino da independência, continuam a existir na fome, na tremenda concentração de renda existente em nosso país, no crescimento dos bolsões de pobreza nas cidades e campo, nos desequilíbrios regionais, na grande dívida externa a qual estamos atrelados e que nos coloca em situação de extrema dependência econômica e de vida no mundo globalizado de hoje.

No ano em que completamos 500 anos de "descobrimento" pelos portugueses, de uma terra que já existia com uma parte de nossos antepassados- indígenas, parte nossa e de nossa cultura- nos encontramos ainda perseguindo avidamente nossa identidade cultural. Somos portugueses, índios e africanos originariamente. Mas continuamos querendo saber quem somos. Esse cadinho cultural, hoje de tantas etnias, que alguns chamam de democracia racial, mas que muitas vezes não se misturam e não se aceitam. As diferenças regionais constituídas historicamente, que não deveriam se traduzir em desequilíbrios, mas que na terrível racionalidade do sistema em que vivemos são concentradoras e enriquecedoras de algumas regiões, exploradoras e discriminadoras de outras.

População que migra e não encontra mais lugar nesse mundo globalizado: Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come. População dependente das condições perversas que se desenvolvem na economia e política de nosso país e nos efeitos da política globalizante e planetária.

Não podemos escapar da globalização e das condições históricas em que se insere o nosso país e nossa população. Mas podemos conhecê-las a fundo, buscar os mecanismos que nos tornam ainda "dependentes". Podemos conhecermos-nos e reconhecermos-nos parte desse país com essa cultura rica e diversa, sua grande criatividade e vida, suas potencialidades. Podemos não nos omitir da parte que nos cabe na construção dessa sociedade, ou na denúncia da violência, e das mazelas que acarretam a morte, a destruição das pessoas, da natureza e a subsistência ou subvida que muitos têm e terão, pela exclusão cada vez maior da nossa população.

  Lutemos para refazer e modificar os paradigmas que concorrem para a nossa destruição. Não necessitamos mais do ufanismo da frase Independência ou morte! Precisamos sim de Independência e Vida !    

 

Verônica Maria Mapurunga de Miranda - 07/09/2000

Midi de fundo: Aquarela do Brasil -Ary Barroso


Artesanias-de Verônica Miranda-www.veronicammiranda.com.br

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