Amanheci pensando, acordo ou não acordo para ver o jogo Brasil-China. Enquanto pensava acordei, e já encima da hora corri para preparar os quitutes do dia. Tinha mudado da idéia de pizza para pastel de queijo com suas múltiplas variações. É que a pizza me aparecia com dupla personalidade. Essa sua origem historicamente italiana me deixava confusa, melhor mesmo era partir para um pastel de queijo. Mas aí me lembrei que em matéria de pastel, chinês ganha de todos, e com o cansaço, pois havia dançado um bom forró na véspera, resolvi por algo simples e de recuperação. Apesar da China não ser uma grande ameaça, melhor mesmo era não facilitar.

Decidi pelo revigorante caldo cearense, um suco substancioso de maçã com laranja, lembrando enquanto o tomava que a melhor laranja cearense de tempos antigos se chamava "laranja da China", e o velho e saboroso e estimulante café com sanduíches de pão integral e um queijo "de coalho" sertanejo, de primeira. Simples, saboroso, substancioso e recuperante. Pensei no suco vegetal  clorofilado, mas estava sem "alfafa" em casa. Pois é... alfafa mesmo, aquela de cavalos. Mas depois falamos nesse assunto. Assim, eu e minha companhia e assessoria técnica esperamos a China.

Sempre tive admiração pelos chineses. Já via o rosto deles entrando em campo sem nenhuma preocupação. Um dos jogadores ria o tempo todo, como a dizer: "esse jogo é mesmo uma doidice". Mas, também, que grande importância tem o futebol para os chineses, com a quantidade de esportes que têm, com as artes marciais e o tempo todo ocupado com construções e trabalhos voluntários pelo país. Enquanto os brasileiros jogam seu futebol desde criança em várzeas, em praias, e em qualquer pedaço de lugar que encontram vago, os chineses praticam o Tai Chi Chuan e Kung Fu em qualquer praça, parque ou lugar público, desde bem pequenos.

Assim, que o futebol não é uma grande preocupação de suas vidas. Têm uma preocupação com o futuro, enquanto chineses. Constroem dia a dia, incansavelmente, com a maioria de trabalhos voluntários, cidades subterrâneas, cópias das atuais existentes. Pequim está quase reconstruída no subsolo, livre dos perigos nucleares, pelo menos aqueles que não destruirão de vez o planeta. Possuem plantas e ervas milenares e sagradas cada vez mais necessárias para todos os terráqueos. Têm uma alimentação sadia e uma medicina tradicional invejável e sem efeitos colaterais. E calma e paciência chinesas. Brasil é o "país do futuro", segundo muitos ditos de muitos compatriotas nossos, mas será que teremos esse lugar de futuro no planeta, como os chineses que já têm suas cidades subterrâneas e otras cositas más?

Bom, sabedoria milenar não se conquista em 500 anos. E depois que tomei meu lanche revigorante ainda ressacada do forró, os chineses começaram a perder feio, mas não tão feio quanto muitos esperavam. O que prova que a seleção brasileira tem que se esforçar. Não gosto de massacres, jogos desiguais e aí fui perdendo o interesse. As imagens do forró da véspera ainda estavam em minha cabeça. Dedim Gouveia e sua banda, grande forrozeiro,  descia do palco com sua sanfona, tocando e cantando se misturava com os dançantes em plena pista de dança. A voz forte ainda ressoava nos meu ouvidos quando dizia:"Vamos lá menino, Ave Maria!" Eu, sonolenta, fui caindo nos braços de Morfeu enquanto dizia"Vamos lá Braaasiiiilll!"

Abraços

Verônica Maria Mapurunga de Miranda - 08/06/2002