Seguindo o exemplo de um amigo virtual meu "profissional da internet" estou papeando de cá. É que entre outras coisas o mundial da Copa de futebol me deixou tagarela. E esse papeando é no mínimo uma compensação. Ora, pois como uma artista pode ficar em paz com as altas (em todos os sentidos) vibrações do inconsciente coletivo, mesmo sendo alguém que nunca gostou de futebol? Confesso meu pecado. É...pecado, pois brasileira e numa cultura cristã e sincrética(???) onde o futebol é Deus, é a bandeira nacional e o escambau é pra se sentir herética. Pois sou e admito. Nunca fui desportista. Desde criança gostava de dançar, pouca ginástica, e depois que cresci da anti-ginástica. Tentei de várias formas gostar e entender o tal futebol. Cheguei a fazer verdadeiros cursos teóricos da tal matéria desconhecida, pra logo depois das copas e com total desinteresse dos outros jogos esquecer o que havia apreendido. Hoje aqui e ali eu corro automaticamente pra ver um gol. Não queira mais me explicar "porque deveria ser pênalti" e "porque o juiz safado está roubando".

 

 Afora isso, gosto do multiculturalismo que escapa aqui e ali pelas frestas da "possessão do futebol", e que transforma tudo em festa e numa troca cultural rica, e porque também há sempre novidades. Gostei, por exemplo, da seleção do Senegal. Estreante, virgem nos cacoetes mundiais e depois da vitória retumbante contra a França aquela dança em torno da camisa foi o máximo. Sinceramente gosto da Copa só por coisas como essa, além de poder ver pernas de jogadores diferenciadas e os tipos. Por exemplo os suecos, às vezes parecem que dançam em campo. Têm um corpo mais solto, não estão bloqueados por essa imagem durona do jogador brasileiro, com uma necessidade muito grande de mostrar que é macho. Ai...ai...nem sei pra que, se as estórias que correm por aí...cala-te língua ferina. Vibro com os africanos, parece que o estádio se enche de energia e alegria, mesmo com a cara feia do técnico da África do Sul. Nesse sentido posso ser uma boa companhia para a Copa. Ops, não estou me oferecendo, já tenho companhia. Nas horas dos assuntos técnicos, escuto humildemente, faço caretas e quando se esgotou meu rol de possibilidades vou para as comidas, cozinhar, servir e comer. Ai...ai...acho que vou engordar. Uma magrinha gorda não fica bem, uau!

 

  Gosto das Olimpíadas, é mais artística, mais cultural no sentido amplo, mais universal. O futebol chega às pessoas como uma possessão. Nada contra quem quer ser possuído e usufruir dessa possessão, mas a questão é que não posso tirar minhas férias pra Marte agora, e por isso vou ser atingida por esses sentimentos, paixões e sabe lá mais que tipo de invasores. Já decidi canalizar tudo isso em um ponto sensível :culinária. É fato consumado que a culinária é uma arte, satisfaz a libido, afasta os complexos autônomos do inconsciente coletivo, mal-olhado e o próprio Dalai Lama ( segundo o que corre nas mensagens na internet.rss...rss) já a considerou uma atividade de alta elevação espiritual. Eu, particularmente, gosto da alquimia culinária e gosto de comer o que faço. Quem quiser dizer que isso é auto-erotismo e sei lá mais o que, respondo: vá cuidar do seu futebol, porque se eu for lhe analisar sob essa ótica vão sair cobras e lagartos, e além do mais ninguém tem nada a ver com isso.

 

 Mas o certo, é que a culinária me pegou de cheio nessa fase. Também não adiantava apelar pra mais nada, todo mundo cansado, tresnoitado, sem disposição. O certo mesmo é ir pra culinária. Por isso, e com todas as receitas coreanas, orientais e as outras cozinhas de cada país fiquei meio enjoada e resolvi apelar para as minhas raízes, necessito de raízes pra não sair flutuando com os milhares de apelos futebolísticos. Afinal de contas, de madrugada ou muito cedo da manhã todo cearense que se preze deve tomar seu caldo de carne, ou de peixe, e comer sua "malassada". Não me diga que você não sabe o que é malassada? Ah não ... se quiser a receita eu dou, mas acho demais não conhecerem a malassada. É esse o começo. De qualquer forma, essas são só as comidas da estréia, pois as outras serão receitas italianas, que eu adoro. Mas essas eu só divulgo depois, se o Brasil conseguir passar pelo menos do começo e se candidatar as partidas finais com a Itália. Cá pra nós eu não sou agourenta não, mas podem ir batendo na madeira.

 

 Pra encerrar eu recomendo sucos vegetais clorofilados. São excelentes para repor as energias, principalmente para os homens. Atenção mulheres, se vocês quiserem homens e não trapos depois da copa não esqueçam os sucos vegetais.

 

 Não sou tão parcimoniosa e pouco prolixa quanto meu amigo virtual "profissional da internet". Dá pra ver, né?

 

Abraços

 

 Verônica Maria Mapurunga de Miranda - 02/06/2002