Guia Viçosa - História e Cultura |
Apontamentos e Reflexões |
Quando iniciei este site -Viçosa do Ceará - Uma Página não Oficial - a seção Guia Viçosa era um lugar de fotografias de lugares interessantes, pitorescos, tradicionais para se visitar. Só havia, então, o meu site sobre Viçosa do Ceará. Hoje pululam na internet fotos lindas, lugares, publicidade, vídeos oficiais ou não sobre Viçosa do Ceará. De sorte que percebo que o mais importante nesse pequeno espaço é fazer alguns apontamentos que possam levar a uma mobilização de idéias e conhecimentos sobre a história e a cultura em Viçosa. Tenho escrito algumas crônicas no site Artesanias de Verônica Miranda, parte desse portal, que aos poucos também estarão linkados aqui, compondo esses "Apontamentos e Reflexões". Verônica Maria Mapurunga de Miranda - 19.06.2017 |
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Que a história tenha alma enquanto resgatamos as partes e os elos da história fragmentada. Que se faça a "contemporaneidade do não coetâneo" transcendendo os tempos, para vivenciarmos a cultura de um presente mais pleno. E que possamos apontar as necessidades e construir desde o aqui e agora, os tempos vindouros. Verônica Maria Mapurunga de Miranda - 21.11.2017 |
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Um Novo Cristo. Uma renovação cultural e espiritual?(Veja Arquivos) |
Entrei ontem no facebook e vi uma quantidade de imagens da nova estátua do Cristo da Igreja de Nossa Senhora das Vitórias (Igreja do Céu) de Viçosa do Ceará. A estátua que tinha desabado e que valeu alguns comentários meus e de outras pessoas neste site e na página do facebook deste site, está tendo uma grande recepção.¹ E fiz alguns comentários sobre o novo cristo da Igreja do Céu em Viçosa do Ceará e suas imagens que apareceram no facebook. Depois de um tempinho de sua queda e desabamento da Igreja o Cristo da Igreja de Nossa Senhora das Vitórias, que desabou ao mesmo tempo que a catedral de Notre Dame em Paris na França, volta para alegria de muitos moradores da cidade e até de turistas que o tinham como uma referência do lugar. “Esse rosto desse Cristo é bem mais bonito do que o antigo. E acho muito parecido com o Mago Merlim ou o velho sábio. Cristo não teve tempo de se tornar velho (foi crucificado antes) mas deveria ficar assim. E dá para entender porque parece o Mago Merlim, porque os bons artistas têm sempre magia interior. Estou certa que Cristo não ficaria nem um pouco chateado com essa comparação. Quem tem coração grande e espírito presente não se sente nem mais e nem menos, somente irmão. Essa frase eu vou enviar para o Papa colocar na nova encíclica.” rss...rss... Escrevo este artigo para dizer que a nova expressão do Cristo e que eu coloquei como parecida com o Mago Merlim não tem nada a ver com o trabalho do escultor ou subjetividade dele. Ele foi contratado para fazer um trabalho e o fez, inclusive com a máscara de silicone, para ficar idêntico à antiga imagem. Portanto, ele não premeditou mudanças e fez bem o seu trabalho. O que digo é que um trabalho de arte, mesmo quando é feito com máscara de silicone e bem feito, ele pode expressar algo mais além da subjetividade do autor. E agora, nessa conjuntura "de vida", nós temos o inconsciente coletivo em ebulição, com tudo aquilo que traz as necessidades coletivas subterrâneas, que não conseguem se expressar, mas vão saindo através das pessoas que têm sensibilidade e canal para o inconsciente coletivo. Agora à noite pensando sobre isso me veio algo, que é a queda da imagem do Cristo e o desabamento da Igreja do Céu, esse ponto de referência da cidade. Inclusive, muitos colocaram essa questão. E nesses comentários eu dizia que quando caem os telhados das Igrejas é necessário ir aos fundamentos. Vendo a última encíclica papal “Fratelli Tutti" parece-me que é uma encíclica, que já reflete essas necessidades de mudança da Igreja, tentando buscar novas formas de diálogo, considerando a diversidade cultural, religiosa e que é parte do planeta que todos habitamos. Internamente a não incorporação do feminino em suas práticas parece que continua sendo a pedra de tropeço da própria Igreja Católica e do seu movimento de entropia se não considerar essas mudanças. O mundo, o planeta está ficando bem menor à medida em que está se interligando e nós precisamos encontrar espaço para todos e todas as fés, que vão além de religião. Esse Cristo em que eu percebi Mago Merlim pode trazer muitas outras imagens, que povoam as almas e os espíritos. A própria imagem do Mago Merlim foi refeita antes para agradar aos de fé contrária e fazer oposição à natureza, como algo ligado às forças do mal. Mas ela continua vigente e mais que nunca reclamando o seu lugar, para poder restaurar o planeta e os corações. É um Cristo novo, uma nova imagem, que tem que beber dessa sabedoria de convivência com todos. Se formos à História, inclusive aquela que parece mítica, e buscarmos o reino de Rei Arthur na Idade Média, Mago Merlim, que era o mentor de Arthur, busca fazer no seu reino, a junção do Cristianismo com o feminino da natureza, que era representado pela Dama do Lago, com mulheres de uma tradição espiritual feminina ligada à natureza, e que era necessária àqueles tempos. O Santo Graal recuperado como lenda do reinado de Rei Arthur era o "princípio feminino" que precisava ser restaurado e que agora está retornando. E agora o mago Merlim, ou a idéia de reunir a natureza, sua espiritualidade às tradições cristãs também volta novamente. E vai começar a se expressar nessas igrejas e estátuas que se refazem, mesmo que não seja plano dos artistas e construtores. Aquilo que é maior, que é verdadeiramente espiritual reúne, não divide. A Encíclica Fratelli Tutti não diz apenas somos irmãos, mas somos irmãos de todos aqueles que comungam outras religiões, outras cosmovisões e até nenhuma. Isso completa a idéia de resgatar a natureza que está em Laudato Si. A verdadeira religião e espiritualidade é o amor. Esse Cristo, (essa estátua referência da cidade) é novo e expressa essas novas tendências. Por algo ele caiu e teve que ser reconstruído. Essa Imago Dei em pedra e cimento está buscando um ar mais paternal, mais sábio, mais feminino no sentido de acolhedor do feminino e das diferenças, da horizontalidade, da comunidade, assim como pregava Cristo, através de seu amor e de seus primeiros apóstolos no Cristianismo primitivo. Que a nova imagem de Cristo com seu olhar puro e feições suaves mostre novos caminhos para as religiões cristãs e não cristãs desta cidade e por aí afora, que todos percebam que não precisam se sentir superiores ou inferiores a ninguém por ter uma determinada fé ou por não ter nenhuma.
Essa nova imagem nos
convida à sabedoria e à fraternidade. Que seja capaz de inspirar o diálogo
para a paz e não a guerra, para que tenhamos um olhar puro e transparente e
não um olhar hipócrita e de julgamento. Que possamos estar presentes e
deixar os sentimentos e preconceitos coloniais do passado que habitam
subterraneamente nossa cultura e por ende a profundidade de nossos
inconscientes. Que possamos entender que todos os outros estão em nós em uma
dimensão profunda e por isso o nosso olhar deve ir além de nós e de nossos
meros interesses pessoais e egoístas (egoístas quer dizer do ego), para
podermos acolher todos os outros e não discriminá-los. Um acolhimento a
partir da alma e do coração. Que esse Cristo e sua imagem benevolente
espalhe o amor sobre tudo e todos e nos contagie com essa espiritualidade
maior. |
Veja: Quando os ventos, chuvas e incêndios varrem e levam os telhados de velhas igrejas. |
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