PEPE GRILLO (ou grilo falante?)*

A Estrela dos Novos Tempos

Entramos no século XXI cheios de perplexidades. Temos dificuldades de pensar no caos, na desestruturação, no novo que não cabe nos nossos antigos e já gastos parâmetros. Não gostamos de pensar que hoje, e não mais amanhã, já é "outro dia". Já estamos funcionando defasados. Com uma bateria gasta que não acompanha o novo ritmo, o novo tempo e as novas exigências. Corremos, quando há algo muito maior que nos diz:Pare!!!. O tempo da correria terminou, e se alguém continuar correndo não vai ter pernas para acompanhar esse ritmo. Ele é muito acelerado ou calmo. Escolha, isso é uma guerra, de que lado você quer ficar?

Mergulhe profundamente em você mesmo, veja se consegue, e encontre essas duas realidades opostas. Você quer a paz? Então admita. Existe uma guerra fora e dentro de você. Você já é um campo de batalhas, e está lutando contra moinhos de vento. Os redemoinhos se aproximam e você ainda não sabe de que lado vai ficar e se não decidir logo será tragado...pela nova era.

Está bem, tudo isso parece meio apocalíptico, meio desesperado, meio ficção, mas também são imagens da polarização que vivemos em nossa cultura e em nós mesmos, e que necessariamente está se encaminhando( de fato já está acontecendo) para um confronto que gerará a semente de uma nova humanidade. Estamos em transição e ninguém sabe e nem pode prever os resultados disso. Que humanidade nós seremos? Mas de alguma forma podemos participar da nossa permanência ou nosso extermínio em massa no planeta terra. Mas podemos construir um futuro próximo, começando agora pelo menos uma avaliação. Pare...e reflita. 

Para agüentar minimamente esse embate precisamos estar mais inteiros.Onde estão nossas partes que se perderam, que não conhecemos ou nem intuímos sua existência. Aquela parte que  não conhecemos, dentro de nós, pode tomar decisões absurdas contra nós mesmos e até contra o planeta. Aquela bomba atômica  de poder que eu estou fabricando sem saber, pode me fazer voar pelos ares e tantas outras pessoas à minha volta. Aquela ganância e competitividade do dia-a-dia, que nos causa todo esse stress e nos obriga a ter que cumprir horas de ginástica  e outros mil artifícios, para poder continuar correndo, não vão poder continuar resolvendo os problemas causados por essas divisões e fragmentações.

As diferenças, a partir destes nossos tempos, ficarão mais realçadas. E isso já aparece na literatura, nos ensaios e estudos, nas artes, nos movimentos sociais e nas práticas cotidianas. O feminino retorna ao mundo polarizado masculino e patriarcal, e traz a exigência de novas atitudes e comportamentos que incluam a contemplação, a intuição, a criatividade, a cooperação e um encontro entre gêneros. A razão exige o sentimento, a espiritualidade, o sonho. A globalização econômica deixa cada vez mais às claras as concentrações de renda, a defasagem de níveis de vida, das necessidades gritantes da maioria da população, entre hemisfério norte e sul do planeta e entre regiões e países. As nacionalidades e culturas cada vez mais lutam por suas identidades nacionais e culturais e pelos direitos humanos, e a despeito de toda essa guerra surda, a unidade na diversidade está sendo buscada. Mas a pergunta é: quantos de nós estão preparados para essa guerra surda? Quantos morrerão ainda cedo, do coração, câncer e outras doenças que surgem permanentemente, ou vítimas da violência descarada, sem saber que estão morrendo porque não suportaram e não estavam preparados para enfrentar a  transição? Esse tempo de correria e caos, que exige reformulações de todos nós.

Quantos entrarão de roldão nas hordas que contribuirão cada vez mais para esse extermínio. Aqueles que têm cargos de poder, dos quais depende a sobrevivência de milhares de pessoas, aqueles que implementam políticas econômicas e sociais, aqueles que são da mídia e estimulam a agressividade e competitividade, aqueles que podem apertar um botão e explodir regiões do mundo, aqueles que podem através de atividades predatórias em massa acabar com a vida no planeta, serão cada vez mais responsáveis por essas situações e  por nosso futuro como humanidade.

 Mas isso, obviamente, não exclui a participação de quem não possui essas armas e poderes. Mas isso não exclui a necessidade de nos tornamos conscientes de que esses poderes e destruição estão em nós, e que precisamos apreender os mecanismos que tornam nossas sociedades e culturas cada vez mais desequilibradas. Mas isso não exclui nossa participação, através de nossa ação efetiva, nas várias formas que nos inserimos na sociedade, no sentido de reivindicar o direito a uma existência melhor, mais condigna e de acordo com as necessidades de crescimento do ser humano. Não exclui, também, a possibilidade de iniciarmos uma ecologia interior e de nos resgatarmos antes de sermos pegos pelos moinhos de ventos.

A estrela dos novos tempos já começou a brilhar....

Verônica Maria Mapurunga de Miranda - 12/julho/2002

* O pepegrillo ou grilo falante é a consciência do Pinóquio, aquele menino de madeira que foi se humanizando, tornando-se "consciente", alargando sua consciência, e aprendendo a AMAR. 


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