As caravanas passam...Largada para as eleições Brasil 2002

Da Pluralidade...

Ao falar de pluralidade sempre vem à baila a palavra ou o conceito democracia. Palavra já tão desgastada pelo mau uso que as sociedades modernas, inclusive a nossa, insistem em fazer.

De fato, temos usufruído mais dos vícios da democracia do que de suas benesses e proposições. Até porque a pluralidade nas sociedades modernas não tem sido feita. O que ocorre de fato é a hegemonia de grupos e ideologias em detrimento de  outras expressões coletivas. 

A pluralidade é o espaço da convivência do diferente. É a aceitação das várias expressões da sociedade e da cultura, sem  necessidade de supressões. Assim falado parece algo fácil, ou considerando todas as variáveis e as implicações das sociedades modernas e do sistema em que vivemos pode parecer impossível.

Em nome da democracia tem se falado muito em governo de todos, no sacrifício de todos, nos momentos de "apertos" da nação. As pessoas têm sido convocadas a participarem, a votarem nos seus representantes com um discurso já quase igual  sobre "cidadania". Agora o cidadão tem que ser de qualquer forma cidadão, ou pelo menos, o que se passou a entender do conceito, ou da caricatura.

A participação como cidadão se esvaziou do sentido, da expressão verdadeira e dos desejos das pessoas que fazem o país. E assim, os símbolos que representam a brasilidade passaram a fazer parte de atividades onde o brasileiro se expressa na sua pluralidade e com sua alma, como o futebol, por exemplo.

Nos vários momentos onde esse desejo e vontade de participar da população saíram soltos, fluíram nessa direção, não encontraram escoadouro, ou um projeto político com força para  criar os mecanismos necessários para isso. Dito de outra forma, é necessário perceber que não houve interesse nessas várias expressões, nos projetos políticos realizados pelos sucessivos governos. E assim, os desejos e as expressões de brasilidade se recolheram e os brasileiros foram tachados de apáticos, amorfos, e tantos outros adjetivos, que levavam a crer que eles não gostavam muito de política.

E depois de serem ensaiados novos passos  e novas formas de se fazer política no país, começou-se a perceber que a realidade não era bem essa. Mas que a pluralidade tão querida e requerida não pode se dar em uma nação, se não há uma direção única, ou um sentido, que engaje as várias formas de pensamento e de expressão da coletividade.

As crises políticas, nacionais, econômicas são momentos na vida de um país que mexem profundamente com suas estruturas e que fazem emergir na população os desejos, os sonhos e as utopias. Eles passam em caravanas e apontam uma direção, querem se expressar, participar, querem um projeto político em que eles caibam.

E esse projeto só pode ser um projeto político plural onde caibam todas essas necessidades, e todas essas expressões, para as mudanças estruturais que precisam ser realizadas em nosso país.

Alguém pode dizer que isso é impossível, ou então, é sonho. Com certeza sonho já é, mas se é impossível nós só podemos saber quando ele for tentado. E até agora isso não foi feito. Porque é necessário que os desejos, os sonhos e as utopias se encontrem, que fluam, e que do outro lado no escoadouro haja um projeto político com líderes e mecanismos que captem esses desejos e sonhos, e que não os rejeitem, mas que canalizem  e viabilizem, da forma mais adequada ao processo, essa necessidade de expressão e participação.

As caravanas dos desejos, sonhos e utopias passam...e precisam de uma estrela-guia que conduzam as suas várias expressões, em suas diferenças, a um entendimento e convivência, para um processo, que, de qualquer forma, terá que ser de reestruturação nacional.

Essa estrela precisa brilhar... 

Verônica Maria Mapurunga de Miranda - 03/10/2002

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