As caravanas passam...Largada para as eleições Brasil 2002

Dos desejos, sonhos e utopias...

Vi bandeiras brasileiras tremulando em carros, varandas, vi bottons e adesivos com a bandeira brasileira, como em bem poucas ocasiões, aqui no nosso país. Não são de eventos oficiais, não são de grupos nacionalistas, não se intitulam, não se rotulam e nem reivindicam nenhum posto oficial. São apenas brasileiros comuns na largada para as eleições 2002.

Contrariando o que dizia um analista político na tv, sobre a situação atual das eleições, não acho que a população vai votar enganada, ou que os marketeiros refizeram o perfil dos candidatos, ainda que num leque de marketeiros e candidatos existam os bons e maus marketeiros, e os bons e maus candidatos. E sem querer entrar no jogo do bem e do mal, é mais importante reter que essas eleições, como bem poucas que tenho vivenciado neste país, são as eleições do desejo, do sonho, de uma utopia reprimida dos brasileiros, que explodem já há algum tempo desde a Copa de Futebol 2002. 

Sonhos e desejos de se sentirem brasileiros, reclamando em alto e bom som, enquanto colocam o voto na urna, que são responsáveis, enquanto atuam em campanha e nas eleições, pelo futuro próximo do país, elegendo  aqueles candidatos que  os façam adquirir confiança nas lideranças políticas desse país, e nos rumos que tomam a vida e a sobrevida da maioria da população brasileira.

A bandeira brasileira deixou de ser um símbolo até bem pouco tempo ufanista, para se tornar um símbolo de esperança e de participação mais efetiva da população nos destinos do país. Enquanto escrevo as caravanas passam. São as caravanas dos desejos, que soltos não engolem as propagandas ilusionistas  e transformam-se no feeling da cidadania. Desejos e sonhos que pensam, que captam, que penetram nas verdades e mentiras dos candidatos e suas propagandas, e dão uma direção certeira para as ações e opções dos brasileiros.

As caravanas passam... e, em algum lugar, que a falsa propaganda não pode penetrar, estão as lembranças das falsas promessas, estão as dificuldades de uma vida cotidiana calcada nas expectativas de velhos discursos e velhos exemplos.

As caravanas passam...e a população deseja o novo. O novo em que ela esteja incluída e considerada, onde ela se sinta responsável, atuante, colaboradora, mas também reconhecida pelas administrações e pelas políticas públicas, de que ela - a população brasileira - é o principal motivo pelo qual deve existir um presidente, governadores, e um legislativo neste país. Que legisle para ela e não em causa própria.

As caravanas passam...e a população quer identidade.Um presidente, administradores e legisladores que saibam o que é ser um cidadão e cidadã brasileiros, suas maravilhas e suas mazelas. Que eles têm muitas potencialidades e muitas dificuldades para colocá-las em ação, por falta de mecanismos adequados, para se expressarem e servirem a si próprios e à nação.

As caravanas passam...e a população quer respeito e ética nas ações e intenções dos governos e instituições. Quer poder se espelhar em suas instituições, sem sentir vergonha de ser brasileira e de ter representantes que assaltam ou deixam assaltar os cofres públicos, e fazem pouco caso de suas responsabilidades.

As caravanas passam...e a população quer segurança e proteção. Mas não somente essa segurança e proteção para não serem assaltados na rua e em casa, mas a segurança de que o próximo governo e administrações não retirarão o pouco que esses cidadãos têm com impostos e sobreimpostos, e na subida permanente de preços. Na segurança de que podem deixar seus recursos em um banco e amanhã não serão cassados por uma medida provisória, ou medida vinda de fora do país. Na segurança de que um marquês, conde ou "tio" não entre na surdina, ou de forma descarada, e vá levando, sem negociar, trocar ou discutir, todas as reservas naturais ou as reservas conquistadas com o suor e trabalho da população brasileira.

As caravanas passam...e a população não quer mais viver apertada e sofrendo, por ter que pagar uma dívida externa e interna ocasionadas por políticas que servem absolutamente a interesses que não o da maioria da população.

As caravanas passam...e não querem um governo de confusões, mas de diálogos, de abertura, onde as necessidades, os desejos, sonhos e utopias possam ir para uma mesa de debates e negociações, em que as pessoas aprendam a ganhar e a perder sem ter que serem mais privilegiadas do que todos, ou prejudicados e esquecidos. Em que as idéias e os sonhos, as capacidades e as dificuldades sejam respeitados para que todos possam florescer e a nação em seu conjunto.

As caravanas passam...e querem que as diferenças sejam reconhecidas e respeitadas, cuidadas em suas necessidades e de crescimento dos seres humanos deste país. Homens, mulheres e crianças de todo credo, de toda raça, de toda renda, de toda vida, podem passar a se reconhecerem melhores, mais capazes, mais responsáveis por um mundo melhor, a partir do que possamos fazer por nosso país, por nosso continente e países irmãos, por nossas negociações justas, soberanas e de interdependência com outras nações do planeta.

As caravanas passam...e querem que a vida seja respeitada, no mais íntimo do seu ser. E no direito à saúde, à educação adequada, no respeito pela qualidade de vida e conservação da natureza, que é parte e necessidade de todos os seres humanos.

As caravanas passam...e não se iludam, estão atentas aos olhos, gestos e posturas dos candidatos. E no fundo...só querem ser felizes.

Oh! Pátria amada...Oh! Pátria amada...Braasiiill!!!

Verônica Maria Mapurunga de Miranda - 30/09/2002

 

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