TRANSITANDO EM NOVOS PARADIGMAS

FAMÍLIA, EDUCAÇÃO E CULTURA

(Novas abordagens)

 

AQUI É UM ESPAÇO PARA REUNIR COMENTÁRIOS E REFLEXÕES QUE VENHO FAZENDO NO MUNDO VIRTUAL SOBRE ESSA QUESTÃO QUE SE INSCREVE NOS NOVOS PARADIGMAS E QUE DIZEM RESPEITO ÀS PRINCIPAIS MUDANÇAS DESTE SÉCULO QUE JÁ FORAM INICIADAS. A FAMÍLIA, A EDUCAÇÃO E A CULTURA  SÃO TRÊS SISTEMAS EM QUE O INDIVÍDUO PARTICIPA E QUE VÊM SOFRENDO MUDANÇAS RADICAIS PARADIGMÁTICAS OU NECESSITANDO DELAS.   SÃO ARTIGOS DE OUTRAS SEÇÕES DO SITE, BEM COMO DE COMENTÁRIOS E REFLEXÕES AQUI DESENVOLVIDOS SOBRE O TEMA. VERONICA MARIA MAPURUNGA DE MIRANDA -27.10.2019


A BOLSA OU A VIDA...A REGRA OU O AMOR?

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Fiz esse comentário em um post de um amigo em meu face pessoal sobre as regras sociais e culturais e como achei um tema interessante de debater, recoloco-o aqui também.

As regras são, de fato, o subproduto de um sistema, de uma cultura, civilização e apesar de ser dito que são feitas para viver melhor, elas são, de fato, o resultado de uma construção histórica e de um espaço-tempo. É o Krishnamurti quem diz, com muita propriedade, que não é sinal de sanidade se adaptar a uma sociedade doente. E por isso também, o Jung quando trata a questão da individuação ele fala de ajustar-se ou adaptar-se internamente, ou seja, ao seu próprio eixo e não à sociedade, como colocam algumas linhas de terapia.

Às vezes algumas linhas de terapia trabalham no sentido de ajustar a pessoa à sociedade e à cultura e isso por vezes serve para adoecer alguém que por exemplo é criativo e flui fora dessas regras, ou para querer que alguém que seja homossexual, por exemplo, deixe de sê-lo para se ajustar a regras morais e absurdas da sociedade. As religiões cometem muitos erros nesse sentido, porque costumam transformar aquilo que não é regra social em pecado (vide cristianismo).

Não vivemos melhor porque seguimos regras, mas porque somos capazes de saber aquilo que nos faz bem ou mal, a nós e aos outros. Somente nos autoconhecendo passamos também a entender o quanto as regras podem ser ou não perniciosas. Nós temos uma expressão nos meios holísticos que se chama "normose" que é a neurose da normalidade. Bem de acordo com o que diz krishnamurti. Quando um sistema, uma civilização, uma cultura estão sendo questionados e estão em crise significa que seguir suas regras pode ser perigoso. O ponto de equilíbrio se encontra internamente. E é somente quando temos condições de questionar a cultura, o sistema, que podemos servi-la de uma forma equilibrada, seja para sua transformação, seja para a manutenção de valores necessários.

Em geral, as culturas têm uma tendência a homogeneizar princípios, valores, regras sociais naquilo que chamamos de coletivo ou coletividade e quando passamos a nos autoconhecer essa homogeneização passa a ser questionada. São as camadas de cebola do ego e construções da cultura que começam a cair para dar lugar a uma personalidade mais autêntica e mais saudável. Na individuação junguiana isso se chama processo de diferenciação. Não existe individuação sem a diferenciação, aliás não existe transformação sem isso.

Ah! Concluindo me lembrei de outro detalhe, os psicopatas que aparentemente seguem as regras e as reclamam, eles têm um discurso com as pessoas que estão na sua mira, de que elas não seguem as regras sociais, dizem que são pessoas revoltadas (porque são pessoas com capacidade crítica) e há toda uma crítica às pessoas que já estão "fora das caixinhas". Os psicopatas são fixados em regras e muito reacionários. (reacionário não significa ser de direita ou esquerda, mas pessoas que não gostam que se mexa com o status quo, não gostam de mudanças.)

Além disso, os psicopatas tentam desequilibrar emocionalmente suas vítimas, de várias formas, para ter esse álibi, de que a pessoa tem algo patológico, de desequilíbrio emocional e não são tão frias e calculistas quanto eles. Na família disfuncional se faz muito isso. Sempre tem alguém que serve de bode expiatório e esse alguém é acusado de não seguir as regras. Em geral regras de uma família disfuncional e doente. Quem não se autoconhece acaba caindo nessa esparrela, assumindo uma culpa que não é sua e por conta das pressões da família doente torna-se drogado, com vícios, doente e alguns se suicidam. A família e sistemas sociais e culturais doentes são muito ciosos de suas regras, que o diga Foucault nos seus estudos sobre os hospitais, os manicômios, os asilos, os colégios e todas as suas regras e repressões, que configuram a microfísica do poder. E onde há poder e suas regras não há amor, assim dizia Jung e tantos outros. E por isso em muitos casos quebrar essas regras é uma questão de sanidade, principalmente se essas estruturas criadoras de regras na sociedade e cultura estão em reboliço e em crise. Fazer a crítica necessária e se diferenciar dessas estruturas e regras é uma questão de salvação dos indivíduos.

No lugar da ênfase às regras é mais saudável trabalhar o eixo pessoal, sua constituição, resgatar os cacos quebrados da alma por uma cultura e civilização que nos tornaram unilaterais, necessitados de regras e poder. E abrir o coração (o chacra cardíaco) para a conexão, a intuição, o sentimento, o vínculo, enfim, o amor natural que pode ser resgatado em todos os sistemas em que transitamos. Dele (do amor) ainda somos todos aprendizes, e há muito o que aprender, mas é o arquétipo capaz de nos resgatar das regras dessa sociedade e cultura narcísicas, para podermos ser mais inteiros e fluir na vida.

Verônica Maria Mapurunga de Miranda- 24/11/2021.

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Publicado também em Mural desta página Artesanias de Verônica Miranda. www.veronicammiranda.com.br/mural.htm
 

 

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