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Papai Noel Observador ou Eu Acredito em Papai Noel

O observador/Fotomontagem por Verônica M. Mapurunga de Miranda/18/11/01

Estava no recesso de meu lar embebida em ensimesmamentos quando  a campainha tocou. Perturbada por aquele som fora de hora abri a porta. Era o correio. Remetente: Papai Noel. Pensei logo, começaram as propagandas de final de ano, e já comecei a me sentir desrespeitada em minha intimidade, invadida que já fora por catálogos e mais catálogos de compra e venda por anos seguidos, nestas datas. 

Mas, o envelope me chamou a atenção pela letra. De repente uma revelação. Aquela letra só tinha sido vista por minha inocência vibrante de criança. Um sabor de doces e bombons passou-me pela boca, um aroma de brincadeiras de natal. Aquela letra era sem dúvida do Papai Noel. Resolvi então abrir o envelope. Dentro uma mensagem:

“Para você este ano trago uma mensagem de natal, repasse-a para quantas pessoas achar necessário”.

 “Eu sou o Papai Noel. Eu sei que vocês vão perguntar: qual deles? Pois é, desde minha criação e as histórias da Lapônia, juntadas ao cristianismo e tantas outras religiões e seitas, até adquiri as cores vermelhas na propaganda da coca-cola. E hoje sou o rei dos shoppings centers espalhados no mundo inteiro. Sirvo hoje para muitas coisas e principalmente para vender. Todos se vestem de Papai Noel para comemorar, cumprimentar, vender, enganar, fazer surpresas. Meu principal público ainda são as crianças, porque os adultos apesar de me utilizarem de mil formas gostam sempre de dizer e tirar qualquer dúvida a esse respeito com a frase: Eu não acredito em Papai Noel. E com isso eles imaginam que cresceram”. 

“Mas hoje eu estou aqui, meus amados amigos, para lhes mostrar minha outra face. A face do Papai Noel Observador. Aquele que lhe conhece desde criança e viu os caminhos que você seguiu, os equívocos que cometeu e que ainda comete quando diz: “A vida é só isso mesmo que eu vivo, jamais poderei viver outra coisa e pensar diferente, porque não sou gênio e nem sou santo”.Se você achar que eu não mereço crédito, respeite pelo menos meus cabelos brancos, como diz a música popular brasileira, e meus olhos cansados de observar a humanidade e seu auto-conceito adulto de quem tem a última palavra”.

 “Estou lhe vendo agora, naquele dia de natal que você não ganhou presente, apesar de ter pedido ao Papai Noel uma bola bem colorida. Você queria pelo menos um bilhetinho de desculpa: Olha eu não trouxe aquela bola que você queria porque não tenho um tostão para essas coisas agora, mas mesmo assim eu te amo. Assinado: Papai Noel. Mas como não teve você cresceu pensando que o Papai Noel tinha lhe esquecido ou que você não merecia aquela bola”. 

“E você meu outro amig@, que tinha uma chupeta que não largava, e quando o Papai Noel chegou com vários pacotes de presentes para trocar por sua chupeta você ficou horrorizado e começou a desconfiar daquele Papai Noel. Pois é, estava querendo lhe enganar, tirar sua maravilhosa chupeta, que era o seu prêmio da existência naquele momento. Papai Noel mal intencionado! E assim você cresceu achando que quem lhe dava alguma coisa sempre estava querendo algo em troca, fosse ou não verdadeiro.” 

“E você, meu amig@, que tinha sempre presentes maravilhosos, Papai Noel sempre atendia seus pedidos, suas cartinhas. Sentou no colo dele lá no shopping, ele lhe contou várias estórias bonitas e você saiu de lá cheio de presentes, chocolates, e saiu pensando que a vida era mesmo um algodão doce. E quando teve suas primeiras contrariedades pensou que o Papai Noel tinha lhe mentido e agora sofria porque Papai Noel tinha lhe traído e a vida não era mesmo cor-de-rosa”.

 E você meu dileto amig@, que raramente viu o Papai Noel, às vezes até se escondia dele, porque já sabia que ele não lhe traria presentes e você seria excluído do Natal, e também não teria ceia e poderia passar também fome e frio. Cresceu também pensando que como não tinha direito a Papai Noel não teria também direito às outras coisas da vida, e que como diz a música popular brasileira “na vida a gente tem que entender que um nasce pra sofrer enquanto o outro rir”.

 Meus amados amig@s, os exemplos são inumeráveis, os motivos muitos e variados para vocês não acreditarem nesse Papai Noel que vos observa. E, vocês podem continuar pensando assim ou dar alguns passos além e ficar aqui do meu lado, vir até a mim e saberão que tudo isso nunca foi a verdade. Pois da posição em que estou você observará a você e aos outros, sem comparar, sem julgar, percebendo como todos estão atolados em sua dor, em sua falta de rumo, em sua ignorância e em sua falta de um amor genuíno e verdadeiro. Você não precisará ser santo ou ser gênio, mas precisará observar a você e aos outros com outros olhos, um pouco acima desses véus que toldam a visão, um pouco mais distante e fora de você mesmo (ou dentro de você mesmo?) para ter a visão do todo, com o amor genuíno e a compaixão, que daqui deste local deixam as minhas renas alegres. 

“Meus amados amig@s, daqui onde estou vejo os dois lados da moeda, a cara e a coroa, o bem e o mau, girando e se transformando em um planeta azul e bonito, que é a própria terra, que é a própria beleza, que é a própria vida. E como eu não faria parte disso?”.

Eu sei que vocês vão dizer que como Papai Noel, mesmo Papai Noel Observador, eu ainda sou uma criação do ser humano. Pode até ser que sim, mas todo ser humano tem liberdade para colocar sua criação onde quiser.”

Feliz Natal! Oh! Oh!Oh!

 Papai Noel Observador

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 Eu juro...Que eu sempre acreditei em Papai Noel!

 

  Por  Verônica Maria Mapurunga de Miranda -18/11/2001


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