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1- JUNG PARA A VIDA - INTRODUÇÃO (VEJA ARQUIVOS) |
Carl Gustav Jung, médico e psiquiatra suíço, que viveu dos finais do século XIX aos meados do século XX, fundador da Psicologia Analítica ou Psicologia do Inconsciente, na profundidade de suas pesquisas, experiências e na vivência de seus próprios processos foi capaz de perceber que a espiritualidade era uma das questões centrais do ser humano, deixada de lado por outros médicos e psiquiatras, que diziam fazer ciência e não religião, mas não conseguiam entender o ser humano moderno, sua fragmentação e a própria época. Ele foi capaz também de ter a clarividência de que este era um tema e questão fundamental para o ser humano moderno no final do século XX e por todo o século XXI. Por sua abertura de cabeça, sem preconceitos, e principalmente pela vivência de um processo que acabou tornando-o um mito moderno e um arquétipo, ele foi capaz de trazer uma psicologia totalmente revolucionária, capaz de unir ciência, religião, filosofia, arte, antropologia, História e até a metafísica (não explicitamente), sempre tendo em vista que a totalidade é algo que transcende tudo, porque é também alma. E sem alma e sem considerar que o ser humano é uma totalidade que abrange tudo isso, a ciência para estes tempos seria somente um embuste, uma fraude, que não conseguiria resolver e ajudar o ser humano em marcha para um período histórico e de vida, em um patamar de integração. Descobrir e tornar-se o Si-mesmo, seria entrar em uma perspectiva completamente diferente, de auto-realização e de vida. Em seu processo e seus estudos concluiu que o inconsciente é na verdade uma matriz geradora e diferentemente do que havia sido descoberto pela psicologia não era somente um repositório daquilo que a consciência não pode conviver ou suportar. No inconsciente também estaria a possibilidade de ter uma psique mais total, mais consciente, mais inteira, mais presente, mais transparente e com mais possibilidades de auto-realização. Descobriu que o inconsciente não é somente algo próprio de alguém, mas também é coletivo, que além da consciência subjetiva há uma consciência mais objetiva e que no inconsciente coletivo e substratos culturais os ARQUÉTIPOS e os COMPLEXOS, sem que saibamos, constituem a base da psique individual e comanda a vida dos indivíduos de várias formas. Arquétipos como a SOMBRA, o SELF ou SI-MESMO, a ANIMA e o ANIMUS que estruturam nossa psique começam a ser conhecidos na medida em que alguém entra em um processo de individuação e começa a se conhecer mais profundamente, indo em direção a uma psique menos fragmentada e mais inteira. A espiritualidade que ele trata é uma capacidade intrínseca do ser humano, que mesmo não sendo religiosa o aproxima dos místicos, que viveram além da crença e que tiveram Deus ou a divindade como uma experiência real. O Si-Mesmo quando é conquistado é também a Imago Dei e o Sol de nosso microcosmos. Em uma de suas frases célebres, ao perguntarem a ele se acreditava em Deus ele confirmou isso ao dizer que não acreditava, mas o sabia. Para ele a divindade era uma experiência e não uma crença. Ele revisitou as principais religiões de Oriente a Ocidente buscando entender a psique humana desde o reino dos arquétipos e as possibilidades de que estes, através dos símbolos pudessem possibilitar não somente a saúde psíquica e espiritual, mas também a transformação dos indivíduos. Resgatou para o ocidente a Alquimia, não mais como um processo ocultista, mas como uma ciência que ajudou a desvendar os meandros da natureza no simbólico processo de individuação, trazendo tudo aquilo que foi confiscado pelas religiões cristãs e patriarcais e muito necessárias para o resgate da inteireza dos seres humanos modernos. Tudo isso sem encaixar esses processos e estudos em nenhuma religião, mas também sem deixar de buscar a relação com esses substratos culturais e de formação dos seres humanos. Daí seus estudos tiveram muitas derivações e muitos autores que enriqueceram essa matriz de conhecimento, mas, também, muitos que se distanciaram de seus focos principais criando outras perspectivas, como os pós-junguianos, por exemplo. O PROCESSO DE INDIVIDUAÇÃO que é a espinha dorsal da psicologia analítica traz assim essa possibilidade de ser um processo específico de transformação do ser humano moderno. E esse encontro de religião, filosofia, arte e psicologia, nem sempre bem entendido por científicos positivistas, não entra em choque com as ciências, isto é, não entra em choque com uma ciência mais total, mais integrada e mais abrangente, capaz de acompanhar a própria evolução do ser humano. Apesar de ser uma abordagem utilizada em sets terapêuticos, como mais uma linha psicológica de tratamento, Jung é também estudado por vários profissionais e pessoas que passaram a vivenciar processos de transformação individual e da cultura. Processos que ele considera naturais do ser humano moderno e fragmentado que necessitam retomar sua inteireza. Como ele trabalha com arquétipos, que estão nos substratos da cultura e que movem as sociedades, ele é uma referência importante sobre os vários temas da cultura. E por essa abertura a Psicologia do Inconsciente convive com várias linhas de pensamento, ciências, artes, filosofia e religiões. Em seu processo particular e na concepção da Psicologia Analítica Jung participou de um grupo de estudos,formado por grandes cabeças, que estudavam a consciência, a cultura, as religiões e a ciência, chamado Grupo ERANOS. Um grupo transdisciplinar que ajudou a abordagem junguiana tornar-se mais aberta. Sua psicologia, de alma para alma, e que de fato ajuda a criar alma, sempre baseada em processos empíricos, não chega a ser uma teoria fechada, uma vez que a individuação de cada indivíduo enquanto processo é única e o objetivo central é tornar-se o ser único que cada um é, com a possibilidade de se reconectar de outra forma com o todo e com todos, de se religar. Para ele a única forma de curar realmente um ser humano é a possibilidade de ele SER ou tornar-se a ser o que é realmente. Nos últimos tempos (nos últimos 20 anos) tenho me debruçado sobre a Psicologia (Junguiana) do Inconsciente e vivenciado processos vividos e previstos pelo próprio Jung para os seres humanos modernos, como tantos hoje em dia o fazem. Motivo pelo qual me sinto agradecida por tudo o que tenho aprendido e impulsionada a debater e divulgar essas questões tão atuais e necessárias em nossa época. Além disso, são temas importantes que ao divulgarmos e trabalharmos para a cultura e outros que o necessitem, o fazemos também para nós, que estamos em permanente transformação. O objetivo é abordar sua contribuição não necessariamente para psicólogos, que estudam para trabalhar em um set terapêutico, mas para todos que estejam vivendo os processos de integração desta época e os que necessitem desses conhecimentos para suas vidas e atividades, sem pretensão de fazer formação, mas antes estabelecer um diálogo com esses conhecimentos, que são também de outros autores junguianos, que nos ajudam a esclarecer e ampliá-los. Por isso o título é JUNG PARA A VIDA. Verônica Maria Mapurunga de Miranda- 16.06.2019 |
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Fotomontagem por Verônica Maria Mapurunga de Miranda |
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