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	Foi Eric Hobsbawn, historiador 
	britânico que escreveu “A Era das Revoluções” (1789-1848) a “Era do Capital” 
	(1848-1875, “A Era dos Impérios (1875-1914) e a Era dos Extremos – o breve 
	século XX” (1917-1991), tentando buscar a compreensão daquilo que foi a 
	tônica ou sobre os principais processos em que os seres humanos ocidentais 
	ou coletividades giraram em torno de algo que caracterizou esses tempos ou 
	períodos de tempos e o que os diferenciou impactando e trazendo mudanças 
	importantes nos últimos séculos. Como parte do planeta essa síntese ou essa 
	busca de compreensão de nossa realidade atual nos faz lançar outras perguntas 
	ao já nosso século atual iniciado.
 Eu fiquei pensando em muito do que se falou e se esperou deste século XXI 
	e sem ser adivinha, nem querer profetizar, e sem nenhuma pretensão de dar 
	continuidade ao trabalho de Hobsbawn, percebo uma certa tônica e uma 
	dinâmica dos acontecimentos, a ponto de achar que essa Era pode se chamar a 
	“Era dos Sobressaltos” rss...
 
 É ao que parece uma fase apertada de integração, em vários 
	sentidos. Uma delas é a emergência do Feminino trazendo novos valores para a 
	sociedade e cultura. E tornando as mulheres alvos e protagonistas dessa 
	transformação. A integração supõe fricção e diálogo porque não quero falar 
	de guerras e bem que elas poderiam ser substituídas por atitudes mais 
	maduras, mais compassivas e mais abertas. Mas, infelizmente, elas também 
	acontecerão. O aumento da violência masculina sobre a mulher e as evidências 
	da sociedade patriarcal que arreganha os dentes enquanto canta seu canto de 
	cisne, mostra que não é algo tão fácil e simples. De fato, temos uma cruz, 
	que em qualquer linguagem significa horizontal e vertical, masculino e 
	feminino e eu diria também individual e coletivo.
 
 E em relação à questão da horizontalidade é um dos aspectos difíceis de 
	se enfrentar. Primeiro porque há um condicionamento muito grande para aquilo 
	que é vertical, masculino na cultura patriarcal e é aparentemente um caminho 
	mais fácil. Quem tem paciência para ficar em coisas menores, que dá 
	trabalho? Tenho escutado pessoas que não quiseram enfrentar esse caminho e 
	preferiram dizer: “Hoje, de onde eu estou eu vejo tudo mais claro e melhor”. 
	Foram direto na estrada principal e deixaram as vicinais. Pois é, mas muita 
	gente não consegue isso e mesmo fazendo todas as mágicas e tomando todas as 
	beberagens vai ter que se encontrar com os nós que precisam desatar e em 
	alguns casos entrar pelas florestas adentro.
 
 Vamos bebendo a água de beber e apreciando a maçã do conhecimento que nos é ofertada 
	em caminhos mais abertos, mas já verticalizados ou que diz: “Cuidado com o 
	lobo-mau, a floresta é perigosa”. Ou então, a forma que eu indico é mais 
	rápida e há urgência. E, de fato, mesmo com urgências essa horizontalidade 
	precisa ser vivenciada porque é uma necessidade de realização do feminino e 
	por suposto das coletividades.
 
 Principalmente as mulheres atualmente precisam descer a essa raiz, a essa 
	terra preta e trazer valores enterrados, subterrâneos e gerar frutos que 
	permitam esse equilíbrio pessoal e coletivo, que está na música de Gil e 
	diz: “Quanto mais longe da terra, tanto mais longe de Deus.”
 
 A espiritualidade da metade para cima, esquecendo a natureza e o feminino 
	não é mais possível, principalmente para as mulheres e as coletividades 
	desenraizadas pelos efeitos colaterais das sociedades modernas. É necessário, 
	portanto, abrir o coração. “Abre-te coração” para essas necessidades.
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