Guia Viçosa - História e Cultura |
Apontamentos e Reflexões |
Quando iniciei este site -Viçosa do Ceará - Uma Página não Oficial - a seção Guia Viçosa era um lugar de fotografias de lugares interessantes, pitorescos, tradicionais para se visitar. Só havia, então, o meu site sobre Viçosa do Ceará. Hoje pululam na internet fotos lindas, lugares, publicidade, vídeos oficiais ou não sobre Viçosa do Ceará. De sorte que percebo que o mais importante nesse pequeno espaço é fazer alguns apontamentos que possam levar a uma mobilização de idéias e conhecimentos sobre a história e a cultura em Viçosa. Tenho escrito algumas crônicas no site Artesanias de Verônica Miranda, parte desse portal, que aos poucos também estarão linkadas aqui, compondo esses "Apontamentos e Reflexões". Verônica Maria Mapurunga de Miranda - 19.06.2017 |
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Que a história tenha alma enquanto resgatamos as partes e os elos da história fragmentada. Que se faça a "contemporaneidade do não coetâneo" transcendendo os tempos, para vivenciarmos a cultura de um presente mais pleno. E que possamos apontar as necessidades e construir, desde o aqui e agora, os tempos vindouros. Verônica Maria Mapurunga de Miranda - 21.11.2017 |
Renascer das Cinzas para uma Nova História |
(Refletindo sobre o incêndio do Museu Nacional) - (Veja Arquivos) |
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Escrevi parte desse artigo no facebook no dia 04.09.2018 e hoje dia 07, data da Independência do Brasil continuei por uma necessidade de esclarecer aspectos que são importantes para reflexão. O incêndio do Museu Nacional não é um incêndio qualquer. É para refletir. Dizem que são 200 anos de História que se vão. Como eu sou a favor da História que nos põe em marcha, mesmo com todo o valor histórico e antropológico transformado em pó ou em cinzas, temos que entender esse simbolismo e a mensagem que nos fica. É necessário perguntar: Que História simbolicamente está desmoronando? Não seria a mesma história que constituiu o Estado brasileiro que está aí também desmoronando? Não seria a mesma História que sempre honrou a colonização do país, o império português e a referência sempre presente aos nobres que o colonizaram, e as elites que dela sempre se serviram? Sem ser contra ou a favor dessa história ela simboliza 200 anos de estruturas políticas feitas em um faz de contas, uma representação faz de contas, uma memória faz de contas, aprisionadas como em uma Bastilha, dividida em suas origens e raízes que não se encontram. Dizem que toda a História do Brasil está no Museu Nacional, o que parece absurdo, um país de dimensões continentais como o Brasil, com cultura e história diversa e distinta nas várias regiões ter sua história concentrada em um só lugar. A verdade às vezes dói, principalmente quando computamos os prejuízos. Juntamente com esse incêndio do Museu Nacional no Rio, ocorreram outros em prédios históricos como na Biblioteca de São Luiz Maranhão e no Centro Histórico de Salvador-Bahia. Três lugares do país importantes e emblemáticos da colonização. Ainda não sabemos se foi atentado, se foi uma fagulha ao acaso e vendo a comoção, principalmente dos que estudavam, pesquisavam e ajudaram durante muito tempo a constituir essa memória do Museu Nacional, sabemos que está causando grande impacto. Está sendo entendido pelo comentarista de um jornal estrangeiro como um símbolo de um país que abandona a si mesmo. É muito significativo também que tenha escapado do incêndio uma parte do acervo, da coleção ameríndia, que estava em excursão pelo país. Essa parte do acervo está atualmente em Brasília em uma mostra: "Índios: Os primeiros brasileiros". Parece que foi o que restou do museu. Tudo parece ter acontecido de forma sincrônica e vem nos solicitar a compreensão desse simbolismo. Do desmoronamento do Museu, biblioteca e centro Histórico, de lugares em que se deu a colonização e que mantinham esse simbolismo da colonização, enquanto restou e permaneceu, em exposição pelo país, o acervo que compõe a mostra dos “Índios: Os primeiros brasileiros”. Temos uma alma de mais de 30.0000 mil anos, visto arqueologicamente. Nossa ancestralidade esquecida é local e mais antiga que a Européia. Há eurocentrismo em achar que nós somos mais novos que os Europeus, porque em geral há um pensamento colonizador-colonizado que diz sermos somente herdeiros dos europeus. Mas nós já temos idade suficiente para pensar diferente e de forma descolonizada. E isso tudo ocorre também, sincronicamente, no mesmo ano em que pela primeira vez uma índia Guajajara é candidata a co-presidente do Brasil e vários indígenas são candidatos às eleições em vários Estados do país, mostrando que resta essa história esquecida e que precisa ser resgatada. Mostrando que temos uma alma coletiva muito mais antiga que a européia e esquecida porque não assumida. E isso significa, também, essa falta de orientação dos próprios brasileiros, a dificuldade de buscar aquilo que é próprio, de não assumir o próprio país, porque entregue ainda, segundo o simbolismo do Museu, a colonizadores. Enquanto a alma ancestral, a parte feminina do Brasil, aquela que gera e fixa á terra não for reconhecida, não conseguiremos ir adiante na formação verdadeira desse país-Estado, e a pátria não conseguirá ser uma mãe gentil para os filhos que ainda não têm albergue. As estruturas políticas do Estado Brasileiro passam por um processo de desmoronamento, mostrando que necessita de reestruturação. E ao mesmo tempo o Museu e vários outros prédios e centros históricos no Brasil, nos lugares da colonização incendiaram, mostrando que necessitamos de outra História, que nos independentize realmente da colonização portuguesa e que reconheça por fim, nossas origens mais profundas, mais antigas e que nos liga à terra pelo feminino ancestral, para que possamos ficar em paz e inteiros em relação à identidade coletiva.
E isso tem também outro significado, que a partir das cinzas é
necessário recompor e renascer em algo que está em falta no país.
Passada a comoção é importante refletir: Na reconstrução, que a história
do país, sobre seus próprios escombros, encontre sua ancestralidade, sua
verdade política, sua força, sua verdadeira participação, a história que
nos põe em marcha, a nossa verdadeira independência.
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Verônica Maria Mapurunga de Miranda - 07/ 09/ 2018 |
Midi de fundo: Bachianas nº 5- Heitor Villa lobos 1938-1945 |
EM ARTESANIAS - DE VERÔNICA MIRANDA-www.veronicammiranda.com.br |
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